Esquerda brasileira: o especulador tardio

Brasília – O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados, com 285 votos. (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

(Versão corrigida incorrigível – 17:25 de Brasília)

Por Raul Fitipaldi, para Desacato.info.

Parafraseando à nossa amiga venezuelana Carola Chávez, a esquerda parlamentar brasileira deu uma de ‘especulador tardio’. Não se deu conta, ou não lhe interessa saber que não há mais nada a negociar. Que tudo foi pro brejo e que eles, esses homens e mulheres que recebem salários bonitinhos por nos “representar por esquerda” deveriam dar a vida por esta democracia miserável que deixaram escapar. Negociar com o inimigo do trabalhador nem sequer deveria ser opção tática ou estratégica depois de um golpe parlamentar, jurídico e midiático. Mas, eles são assim.

A esquerda brasileira em geral, essa que não se pode criticar porque nunca é o momento adequado para fazê-lo, como se disso dependesse uma revolução, além de fraca (todos os partidos são deprimentes, todos) nos remete ao livro que Juan Luis Berterretche escreveu em 2005 e tivemos a honra de traduzir Tali Feld Gleiser e eu, “O novo sujeito social e político” onde se afirmava que esses partidos já não eram uma ferramenta válida para sonhar uma democracia direta.

Alguns deles fizeram essa porcaria vergonhosa para negociar um presidente da tal casa de apostas que legisla o país com a alcunha de Câmara e que elegeu Rodrigo Maia, um direitoso pra valer em troca de pão duro e água suja. Se tivessem elegido uma coluna ou uma lixeira dava na mesma. E outros pretenderam oportunizar-se da foto histórica ‘do dia em que posamos para a posteridade assumindo a posição ética histórica, embora possamos negociar com o diabo nos municípios e capitais que não aparecem na Globo’. São tragicômicos, epilético-gestuais, verborrágicos (de fala ruim) e acovardados.

Não adianta que os dirigentes nos digam que há que continuar adubando a futuro esse mequetrefe partidário que é a esquerda brasileira atual. Será nas ruas que haverá que buscar a democracia direta, por esquerda, com a sensatez e a maravilhosa imprudência que só as massas de sacho cheio têm para mudar o Mundo, por Outro Possível e Urgente, já próximos ao primeiro quarto de século.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.