Espionagem é 1 entre 11 temas espinhosos para Brasil e EUA em direitos humanos.
Washington não adere a 6 dos 9 tratados da ONU no setor, mantém Guantánamo funcionando ilegalmente e não ratifica Convenção Americana de Direitos Humanos. Para Conectas, ‘espionagem é ponta do iceberg’
A suspensão da visita da presidente Dilma Rousseff a Washington, anunciada ontem, após tentativas frustradas de resolver o impasse entre Brasil e EUA por conta de ações de espionagem reveladas pela imprensa, envolvendo a Presidência e a Petrobras, enfatiza a necessidade de ambos governos tratarem de maneira profunda a agenda de direitos humanos.
Para Conectas, é obrigação do Estado brasileiro zelar pela “prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais, como diz o artigo 4º, inciso II da Constituição Federal”, diz Camila Asano, coordenadora de Política Externa da organização. “Violar direitos humanos por meio de espionagem é grave, um atentado à privacidade e liberdades individuais, assim como manter pessoas presas ilegalmente em Guantánamo, usar aviões não tripulados para executar extrajudicialmente pessoas e não aderir aos instrumentos internacionais que regulam as questões de direitos humanos no mundo”, completou.
Em abril de 2012, Conectas já havia enviado carta ao governo brasileiro pedindo que questões como as violações cometidas em Guantánamo fossem abordadas por Dilma na visita oficial de três dias feita ao presidente americano, Barack Obama, em Washington. Na época, o governo respondeu, por meio do Itamaraty, dizendo que: “Não está previsto que a questão de Guantánamo seja singularizada na reunião”. Para Camila, “o Brasil deve dizer o que é importante ser dito em suas relações bilaterais, não importa quão difícil isso seja. Foi frustrante que nossa presidente, ela mesma uma pessoa que foi torturada, tenha preferido não tratar de um tema tão grave quanto a tortura institucionalizada em Guantánamo”, afirma Camila.
Fonte: Conectas