A programação do Teatro Virtual da Funarte desta semana vai da potência imaginativa das brincadeiras de criança até um debate sobre as migrações contemporâneas. Nesta quinta-feira, 30 de setembro, às 18h30, a Fundação apresenta o premiado Manual para náufragos, do coletivo gaúcho Cena Expandida. Indicado a maiores de 14 anos, o trabalho ultrapassa as fronteiras entre teatro e cinema para abordar o que é ser/estar estrangeiro. No dia seguinte, no mesmo horário, será exibido Pa Pe Lê – uma aventura de papel, da catarinense Téspis Cia. de Teatro, Música e Artes. A montagem tem o papel como material para dar forma a uma “grande brincadeira”.
A programação do Festival de Teatro Virtual tem 25 apresentações teatrais, de grupos e companhias das cinco regiões do País, voltadas ao público adulto e infantil. Um novo projeto é divulgado todas as quintas e sextas, até o final de outubro, sempre a partir das 18h30, no canal da Funarte no YouTube. Os vídeos ficam disponíveis para acesso posterior, em: bit.ly/FestivaldeTeatroVirtual.
Manual para náufragos
O espetáculo Manual para Náufragos é uma criação inédita do coletivo Cena Expandida, do Rio Grande do Sul, pensada originalmente para o vídeo. Com atuação de Eduardo d’Ávila, a obra cruza narrativas de indivíduos em estado de deslocamento pelo mundo, para debater questões de alteridade, pertencimento e o sentido de ser/estar estrangeiro no mundo atual.
“Manual para náufragos é um projeto original de vídeo teatro. Ele foi concebido não como teatro filmado, mas realmente como um formato híbrido, que integra as linguagens do teatro, do cinema e das artes visuais”, explica a diretora Tainah Dadda, que conta que a narrativa também migra entre relatos reais e ficcionais.
O ponto de partida do projeto foi o interesse de Tainah no tema, observando as ondas de migração de e para o Brasil na última década. “Somado a isso, teve minha própria experiência como migrante em Portugal, onde fui fazer mestrado, uma experiência que foi atravessada pela pandemia da covid 19 e só intensificou o debate sobre o trânsito entre fronteiras, a noção de liberdade, pertencimento, solidão, a xenofobia, o racismo. Mas não é um projeto só sobre quem se desloca geograficamente, é também sobre quem jamais deixou seu lugar de origem e, ainda assim, pode ser um estrangeiro entre os seus.”
O projeto foi realizado de maneira semipresencial, entre Brasil e Portugal. Apesar do desafio de experimentar o teatro on-line, o coletivo buscou manter o entusiasmo frente às novas possibilidades, tanto em relação a atingir públicos em diferentes espaços quanto sobre a exploração de novas ferramentas.
“A participação no Festival é muito importante, em vários aspectos. O Prêmio foi lançado nesse momento de profunda incerteza para todos nós, artistas da cena, que tivemos tantos projetos interrompidos e cancelados por conta da pandemia”, comenta a diretora. “Ficamos muito contentes em participar do Festival e representar a região Sul ao lado de grupos e projetos tão diversos entre si.”
Pa Pe Lê – uma aventura de papel
O espetáculo infantil Pa Pe Lê – uma aventura de papel, da Téspis Cia. de Teatro, de Santa Catarina, também é uma novidade. Foi pensado para o presencial, mas não conseguiu ter sua estreia nos palcos. Com adaptações e ajustes, o grupo disponibiliza o resultado do processo criativo nesta sexta-feira, 1º de outubro, no canal da Funarte no YouTube.
“Nos orgulha muito ter produzido um espetáculo em condições tão adversas. Ter conseguido trabalhar com nossa arte durante este período histórico tão caótico. Resistimos! E seguiremos resistindo, como grupo de teatro e como artistas cidadãos que somos. O próximo encontro, com certeza, será presencial, e nós poderemos estar juntos novamente para fazer o teatro acontecer!”, declara o diretor Max Reinert.
O espetáculo se coloca como “uma grande brincadeira” de criança. Utilizando o corpo, a música, objetos, bonecos e projeções, ele parte de situações simples, do cotidiano, para transitar para um mundo de imaginação, onde cada um vai assumindo diversos personagens e situações. O papel é o material utilizado para dar forma à narrativa, conduzida por três figuras.
“Para nós, da Téspis Cia. de Teatro, foi uma agradável surpresa termos nosso projeto selecionado para participar do Festival Funarte de Teatro Virtual. O espetáculo estava em produção quando veio a pandemia e, com tantas dificuldades de financiamento e produção, a premiação nos auxiliou”, diz a atriz e figurinista Denise da Luz. “Não sabemos o que o futuro nos reserva, mas estamos prontos para lidar com ele e iremos nos utilizar do aprendizado deste período para nossas futuras produções”, completa a artista.
Sobre o Festival de Teatro Virtual da Funarte
A programação é resultado do edital Prêmio Funarte Festival de Teatro Virtual 2020. O objetivo era incentivar montagens para apresentação virtual e contribuir para a manutenção de coletivos, grupos e companhias. “Ele foi elaborado em meio a pandemia como uma saída, uma alternativa de fomento à classe artística, contemplando não apenas os artistas, mas também os técnicos”, declara Renata Januzzi, coordenadora de Teatro e Ópera da Funarte. Com o festival, a Fundação busca ainda estimular a democratização e acessibilidade à linguagem artística.
O Teatro Virtual faz referência e homenagem a outro projeto da Funarte, a Série Seis e Meia, que promovia shows de música sempre às 18h30. A ideia é manter o compromisso de levar arte ao público com assiduidade, em um horário acessível, mesmo que à distância. Os vídeos, previamente gravados, ficam disponíveis para o público após a exibição.
Renata Januzzi ressalta a força histórica do teatro, que hoje enfrenta mais um desafio para se manter presente. “O teatro é uma arte milenar e vem sobrevivendo a diversas ameaças de extinção. Dentre elas, a tecnologia, que já foi uma dessas ameaças, surge agora como uma solução de fomento a uma linguagem tão artesanal.”
Programação do Teatro Virtual
O festival teve início em 5 de agosto com O Homem e a Mancha (SP), texto de Caio Fernando Abreu encenado pelo ator, professor, produtor e diretor Marcos Breda, com direção de Aimar Labaki e fotografia de Jacob Solitrenick. No dia seguinte, foi a vez de Zapato busca Sapato, da Trupe de Truões (MG), história para todas as idades sobre um “sapato recém-nascido”.
Na semana seguinte, foram exibidos A Casa de Farinha do Gonzagão e A Cripta de Poe, os dois de São Paulo, inspirados, respectivamente, no instrumentista, compositor e cantor Luiz Gonzaga e no escritor estadunidense Edgar Allan Poe.
Logo após, foram disponibilizados: Museu dos Meninos – Arqueologias do Futuro (RJ), de Maurício Lima; Ombela (PE), da companhia O Poste Soluções Luminosas; Salto (PE), do Bote de Teatro com a Janela Gestão de Projetos; Suelen, Nara, Ian (CE), do Pavilhão da Magnólia; Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo (MA), do Núcleo Atmosfera de Dança Teatro; Épico – Casa Tomada (BA), do Território Sirius Teatro com a Cia Improviso Salvador; Mar Acá (RR), da Ass. Cult. Art. Locômbia Teatro de Andanças; A Borracheira (RO), da Associação Cultural O Imaginário; Marília Gabriela não vai mais morrer sozinha (AM), do Utc-4; Gibi (TO), da Lamira Artes Cênicas; Vestido Queimado (AM) da Soufflé De Bodó Company; e 2068 (RS), da Máscara EnCena.
Os vídeos ficam disponíveis em: bit.ly/FestivaldeTeatroVirtual. Na semana que vem, o festival continua com a agenda da região Sul. Em seguida, serão exibidos os espetáculos do Centro-Oeste do País.
Espetáculos desta semana:
Dia 30 de setembro | Manual para náufragos | RS
Cena Expandida
Classificação: 14 anos
Ficha técnica:
Direção: Tainah Dadda | Atuação: Eduardo d’Ávila | Texto: Nicolas Beidacki | Direção de fotografia: Livia Pasqual e Juliano Moreira | Trilha sonora: Luciano Mello | Cenografia: Rodrigo Shalako | Desenho de luz: Casemiro Azevedo | Figurinos: Gustavo Dienstmann | Som direto: Raysa Fisch | Mixagem: André Paz | Assistência de direção e montagem: Thais Fernandes | Identidade visual: Patrick Tedesco | Acessibilidade: CPL – Soluções em acessibilidade | Realização: Cena Expandida e T.E.L.A.
Dia 1º de outubro | Pa Pe Lê – uma aventura de papel | SC
Téspis Cia. de Teatro, Música e Artes
Classificação Livre
Ficha técnica:
Dramaturgia de Max Reinert, a partir de processo colaborativo de criação | Direção e iluminação: Max Reinert | Atuações: Denise da Luz, Matheus Groszewica e Sabrina Francez | Figurinos: Denise da Luz | Costuras: Lélia Machado de Melo e Maria Antunes | Ambientação sonora: Hedra Rockenback | Vídeos: Leonam Nagel | Cenários: Max Reinert e Denise da Luz | Cenotecnia: Jociel Escolástico Cunha e Fer Forgé | Criação e confecção dos bonecos de mesa e objetos de cena: Leonam Nagel, Matheus | Groszewica, Max Reinert e Sabrina Francez | Criação das máscaras/figuras: Denise da Luz, Matheus Groszewica e Max Reinert | Confecção do livro PopUp: Sabrina Francez | Confecção da máscara da Úrsula Malvadinha: Cidval Batista | Operação de vídeo: Leonam Nagel | Operação de luz: Felipe Laurêncio | Designer gráfico: Daniel Olivetto | Captação de imagens: Leonam Nagel | Edição: Leonam Nagel e Max Reinert | Tratamento de som: Hedra Rockenbach | Fotografia: Max Reinert Tradutora de libras: Camila Francisco | Gravado no Teatro Municipal de Itajaí | Produção: Téspis Cia de Teatro.
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Espetáculos já disponíveis:
bit.ly/FestivaldeTeatroVirtual
O Homem e a Mancha: 24 anos-luz | SP
Com o ator Marcos Breda e texto de Caio Fernando Abreu
Classificação: 12 anos
Zapato busca Sapato | MG
Com a Trupe dos Truões
Classificação Livre
A Casa de Farinha do Gonzagão | SP
Teatro-Baile Produções
Classificação: 10 anos
A Cripta de Poe | SP
Companhia Nova de Teatro
Museu dos Meninos – Arqueologias do Futuro | RJ
Espetáculo-performance de Mauricio Lima
Ombela | PE
O Poste Soluções Luminosas
Classificação: 18 anos
Salto | PE
Bote de Teatro / Janela Gestão de Projetos
Classificação: 16 anos
Suelen, Nara, Ian | CE
Grupo Pavilhão da Magnólia
Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo | MA
Núcleo Atmosfera de Dança-Teatro
Épico – Casa Tomada | BA
Território Sirius Teatro / Cia Improviso Salvador
Mar Acá | RR
Ass. Cult. Art. Locômbia Teatro de Andanças
A Borracheira | RO
Associação Cultural O Imaginário
Marília Gabriela não vai mais morrer sozinha | AM
Utc-4
Classificação: 16 anos
Gibi | TO
Lamira Artes Cênicas
Classificação Livre
Vestido Queimado | AM
Soufflé De Bodó Company
Classificação Livre
2068 | RS
Máscara EnCena
Classificação: 14 anos
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Próximos lançamentos:
Sul
Dia 7 de outubro | Habite-me teatro de máscaras, bonecos e dança | RS
CIA 4
Dia 8 de outubro | Limita-ações: as coisas que guardamos | SC
Dionísos Teatro
Centro-Oeste
Dia 14 de outubro | Bodas de Sangue | DF
Merun Filmes/Estupenda Trupe
Dia 15 de outubro | À Espera de Godot | DF
Diego Pereira Borges
Dia 21 de outubro | Estranhas | DF
Dephot Fotografia e Projetos Culturais
Dia 22 de outubro | A Moscou! Um Palimpsesto | DF
Roberto Felipe de Oliveira
Dia 28 de outubro | As 12 caixas de Hércules | DF
Voar Arte para Infância e Juventude
Prêmio Funarte Festival de Teatro Virtual
Acesso gratuito em: bit.ly/FestivaldeTeatroVirtual
Realização
Fundação Nacional de Artes – Funarte | Centro de Artes Cênicas | Coordenação de Teatro
Secretaria Especial da Cultura | Ministério do Turismo | Governo Federal
Mais informações para o público: [email protected]
Mais informações para a imprensa
Assessoria de Comunicação – Funarte
[email protected]
Outras ações e editais da Funarte: www.funarte.gov.br