Centenas de pessoas manifestaram neste sábado em diversas cidades espanholas contra a entrada em vigor de uma reforma no setor da saúde que visa impedir o acesso gratuito ao sistema de atendimento aos imigrantes em situação irregular no país. Cerca de 2000 médicos disseram ser contra a medida e anunciaram que vão continuar a atender os imigrantes clandestinos.
“Nenhum ser humano é ilegal”, gritavam os manifestantes em meio a buzinas de carros e sons de apitos diante do hospital Gregorio Marañon. “É um ato de rebeldia contra uma lei totalmente injusta”, explicou à agência AFP o peruano Rodrigo Rojas, de 51 anos.
“Durante muito tempo os imigrantes foram um mão-de-obra barata e agora eles não servem para mais nada e são descartados”, denunciou o ex-chefe de uma empresa da construção civil que decretou falência em 2009 após a explosão da bolha imobiliária no país.
Sem trabalho, o peruano não teve seu visto de residente renovado e agora se encontra na clandestinidade e sem acesso à atendimento médico gratuito. Até hoje, esses imigrantes eram autorizados a serem atendimdos por médicos do sistema público de saúde.
Com o objetivo de fazer economias, o governo conservador de Mariano Rajoy decidiu limitar o atendimento público gratuito às crianças, mulheres grávidas e aos casos de emergência.
Dos 17 governos das regiões autônomas, 7 decidiram manter o atendimento médico para os imigrantes em situação ilegal. Enfermeiras e outros profissionais do setor de saúde decidiram aderir ao movimento apoiado por Ongs como Médicos do Mundo.
Diante dos protestos, o governo espanhol decidiu que os imigrantes clandestinos terão acesso ao sistema de saúde mas deverão pagar pelo atendimento ou que o país de origem do imigrante pague a fatura, com a condição de que seja assinado um acordo bilateral.
Foto: Protesto em Bilbao contra a proibição do acesso gratuito ao sistema de saúde, em 31 de agosto de 2012. Reuters
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