Penosas as tentativas de explicação do El País sobre o que caracterizam como seu “erro” ao publicar a foto falsa de Hugo Chávez. Tudo é dito, menos o essencial.
Aí está a chave da questão, não explicada pelas várias matérias expiatórias do El País, nem sequer abordada pelo jornal e seus penitentes jornalistas.
Quem lê, mesmo que às vezes o jornal, sabe a obsessão que o jornal tem com Hugo Chávez. E como o rei – o covarde assassino de elefantes – expressou esse sentimento com aquele ex abrupto a Hugo Chávez, comemorado pelo próprio El País.
Chávez, como um dos dirigentes dos governos progressistas da América Latina, incomoda a direita tradicional espanhola e a nova direita. Afinal foi o PSOE, o partido do El Pais, quem começou a austeridade na Espanha, que está levando o país à pior debacle econômica e social da sua história, enquanto Hugo Chávez e os governantes progressistas da América Latina avançam por um caminho diferente, anti-neoliberal, e evitam que os efeitos da catástrofe europeia se abata sobre nós.
Com a foto, os magnatas da decadente imprensa espanhola pretendiam golpear a imagem de Hugo Chávez, supostamente revelando o verdadeiro estado do presidente da Venezuela, ao mesmo tempo que denunciariam as versões do governo venezuelano e demonstrariam capacidade de furar o controle de informações de Cuba.
Falharam redondamente. Revelam como atuam como partido da direita, manipulando informações em favor das suas preferencias políticas, desmascarando definitivamente a suposta objetividade jornalística da mídia mercantil.
A imprensa brasileira constatou o “erro” e as autocríticas, muito constrangida, do jornal em que a mídia daqui se espelha. Nem sequer à altura da autocrítica do El País, que afirma que foi o maior “erro” da historia do jornal. Foram pegos com a boca na botija, o que os constrange e aos que ainda o consideravam um bom jornalismo.
* Emir Sader é sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP).