Rússia Today
O Museu da Cidade de Quito acolhe uma exposição que permite apreciar como era a capital do Equador a princípios do século XX através da obra do fotógrafo José Domingo Laso, que raspava as placas de impressão da imagens para que desaparecessem indígenas, respaldando dessa forma o “olhar higiênico da elite quitenha do século XX”.
Com o título de ‘A pegada Invertida: Olhares de José Domingo Laso’ a exposição reúne centenas de imagens tomadas pelo fotógrafo quitenho José Domingo Laso, autor do álbum ‘Quito à vista’, publicado em 1910. No prefácio do álbum Laso critica que os estrangeiros que visitam a capital do Equador observem os indígenas que aparecem “tornado tudo feio e dando uma a pobríssima ideia de nossa população e da nossa cultura”, sublinhando que o objetivo do seu trabalho é “mudar a visão de que o Equador é um país selvagem ou conquistável”.
Segundo o fotógrafo François Laso, curador da exposição e bisneto de José Domingo, para apagar os nativos americanos das imagens se raspavam as placas de vidro, que a princípios do século XX se usavam como negativos, e depois, os borrões se cobriam com chapéus de abas grandes e vestidos brancos com o objetivo de fazê-los passar por mulheres da elite quitenha.
“Os dos começos do século XX foram os anos do hispanismo, uma corrente que surge não só no Equador, senão em vários países da região, segundo a qual, para ser modernos há que se basear na matriz hispânica e não na indígena”, explica François Laso, citado pela BBC.
O curador afirma que em nossos tempos “o borrão se repete de outras formas”. “Temos como sociedades avanços com estradas, telefones, etc., mas, mudou realmente nossa mentalidade?” questiona.
Jose Domingo Laso / Domínio público
Jose Domingo Laso / Domínio público
Jose Domingo Laso / Domínio público
Jose Domingo Laso / Domínio público
Versão em português, Raul Fitipaldi, para Desacato.info