Bill Clinton, ex-presidente dos Eua e enviado especial da ONU ao Haiti, garantiu nesta quarta-feira que um soldado das forças de paz da Minustah introduziu, talvez involuntariamente, a espécie do vírus que provocou uma epidemia de cólera que causou a morte de pelo menos 7 mil pessoas no país caribenho.
Durante sua visita a um hospital em Plateau, na região central do país, Clinton afirmou: “Não sei se a pessoa que introduziu a cólera no Haiti, o membro das forças de paz da ONU, o soldado do sul asiático, tinha consciência de que portava o vírus”.
Em suas declarações, o norte-americano também reproduziu a hipótese levantada sobre a propagação do vírus: “Ele portava a espécie do vírus da cólera. A corrente [esgoto] de suas necessidades chegou aos canais de água do Haiti, até o corpo dos haitianos”.
Para Clinton, no entanto, o que “realmente causou” a epidemia foi a ausência de um sistema sanitário adequado no país, e convocou mais esforços para acabar com a epidemia. Uma das porta-vozes da missão de paz no país se recusou a comentar as declarações, afirmando que não ter escutado as palavras do ex-presidente.
Os primeiros focos da doença no país foram detectados nas cercanias do batalhão do Nepal e estudos preliminares apontam que a bactéria propagada é compatível com a de áreas endêmicas do sul asiático.
A cólera contaminou mais de 526.000 pessoas desde que se espalhou pelo ao Haiti em outubro de 2010. A ONU já aceitou a possibilidade de que soldados de paz do Nepal tenham levado a doença ao país, mas diz alega não haver comprovações científicas para assumir responsabilidades. Até então, a cólera estava erradicada há 100 anos na região do Caribe.