Por Sarah Fernandes
Estudantes de todas as regiões do país farão neste domingo (28) as provas de matemática e ciências da natureza do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, tanto na versão impressa quanto na versão digital. A edição deste ano o exame é marcada por críticas, instabilidades e denúncias de interferência do governo federal no Instituto de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela elaboração da prova.
Poucos dias antes da primeira etapa do exame, realizada em 21 de novembro, 37 funcionários do Inep pediram exoneração, alegando interferências federais na organização da prova. O programa Fantástico, da TV Globo, revelou o corte de 20 perguntas consideradas “sensíveis ao governo” em uma primeira versão do exame, e o jornal Folha de S.Paulo apurou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) havia solicitado questões tratando o Golpe Militar de 1964 como uma “revolução”.
Especialistas apontam que o Enem, que possuía grande potencial de democratizar o acesso à universidade, vem sofrendo um processo de desmonte durante do governo Bolsonaro, que acaba por afastar os estudantes mais pobres do ensino superior.
“O Enem é a principal forma de acesso às universidades públicas que têm, atualmente, a maioria do seu corpo discente vindo de escolas públicas. Isso vai incomodando a elite econômica que não quer que a população saia dessa situação, ao contrário, quer que continue sendo explorada, uberizada. E esse projeto não é só do governo Bolsonaro, mas da elite que mantém ele ali”, critica a dirigente da Campanha Nacional pelo Direito à Educação (CNDE), Catarina de Almeida Santos, em entrevista ao Brasil de Fato.
Apesar dos problemas, professores e especialistas em educação incentivam estudantes a realizarem o exame. Em suas redes sociais, o dirigente da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniela Cara, afirmou que “o bolsonarismo deseja isso: que vocês desistam. Façam a prova. A vitória de vocês é a melhor resposta”.
O Enem seleciona estudantes para vagas no ensino superior público pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Ele também é fundamental para a concessão de bolsas de estudos em instituições privadas pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) e pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Além disso, as notas podem ser usados para ingressar em instituições de ensino portuguesas que têm convênio com o Inep.
Recomendações e dicas
Neste segundo dia do exame, assim como no primeiro, será obrigatório o uso de máscara de proteção facial durante toda realização da prova. É necessário levar documento de identidade físico, já que versões digitais não serão aceitas, e uma caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente. Os itens são obrigatórios tanto para quem fará a versão impressa da prova como a digital, já que os participantes receberão uma folha de rascunho para fazer os cálculos à mão.
Os portões abrem às 12h e fecham às 13h. Não será permitida a entrada após o fechamento, por isso é recomendado sair e casa com bastante antecedência. As provas começam a ser aplicadas às 13h30 e terminam às 18h30, pelo horário de Brasília.
Participantes que estiverem com covid-19 ou com outras doenças contagiosas não devem comparecer ao exame e poderão solicitar a reaplicação. Descumprir estas orientações pode acarretar na eliminação do candidato.
É recomendado que os participantes levem lanche e água, para serem consumidos durante o exame, que tem longa duração. Também é recomendado levar o Cartão de Confirmação da Inscrição, no qual consta o local de prova. O cartão pode ser acessado na Página do Participante.
Juntas, as provas de matemática e ciências da natureza possuem 45 questões cada, iguais nas versões impressa e digital.
No primeiro dia do Enem 2021, os participantes fizeram as provas de linguagens, ciências humanas e redação. Ao todo, 26% dos 3,1 milhões de inscritos não compareceram ao exame, considerado a principal porta de entrada no ensino superior.
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