Por Rosangela Bion de Assis, para Desacato.info.
A linha entrando na agulha
A agulha invadindo o tecido
Promovendo mudanças, unindo desconhecidos
O delicado beliscar dos alfinetes
Me fez viajar
As costuras da minha avó beliscavam no momento da prova
Medi e ajustei também
O corpo pede ajustes
E segue pedindo enquanto pulsa
Costurei sem pressa
Como quem relembra, como quem provoca prazer
Perdi o sono costurando
Como quem sonha
Até que cheguei ao começo, no fim
Em frente ao espelho admiti meu sucesso
Olhando o avesso imperfeito e belo
Comprovei meu dom praticamente hereditário
Minha avó ficaria orgulhosa
Eu fiquei.
Rosangela Bion de Assis é jornalista, escritora e presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul.