Então, o que foi que celebramos em 15 de setembro no México?

Fuera Peña
Foto: Marco Antonio Bravo Bedolla.

Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.

Todo ano, em setembro o mexicano tem o costume de se sentir mexicano, deixa pra lá sua maluca obsessão de parecer gringo do Norte e só nesse mês se lembra de suas cores, da música, a  gastronomia, a história e a cultura.

O dia 15 de setembro é festa nacional porque em cada prefeitura o prefeito sai à sacada com a bandeira na mão, frente a uma multidão festiva, toca o sino enquanto grita e honra os heróis que nos deram liberdade. É o tradicional grito da independência que tenta representar o padre Don Miguel Hidalgo que, em 1810, na Igreja de Dolores convocava o povo a se levantar em armas.

A 216 anos de aquele histórico grito de independência hei de lhes dizer que não sei se é certo celebrar e recordar essa façanha, não dá para celebrar uma independência se nosso país parece estar cada vez mais em Ianquilândia, onde o narco arrasa povoados, onde os preços sobem e nada nos alcança para cobrir as necessidades básicas, onde cada criança que nasce já deve quase 8.500 reais para a dívida externa, onde o Fundo Monetário Internacional dirige as políticas internas do país e onde o saqueio das terras, a exploração, a desigualdade, a insegurança, são o pão nosso de cada dia.

O México de agora se vangloria de ser democrático, defensor da liberdade em todas suas expressões. Tanto é assim que os conservadores católicos podem marchar pelas ruas, o que fomenta a discriminação à comunidade LGBTT, enquanto os opositores ao governo de nosso belo presidente são reprimidos com toda a violência possível. Este contraste de marchas e movimentos que aconteceram nesta semana descrevem a realidade do país. A primeira procura voltar ao obscurantismo e a segunda, um país melhor sem autoritarismo nem corrupção.

A Marcha pela Família convocada pela classe conservadora, fanática e fundamentalista obviamente de maioria católica do México saiu às ruas para rejeitar a iniciativa do presidente Enrique Peña Nieto de reconhecer o casamento igualitário em toda a república e num futuro permitir a adoção de crianças por casais do mesmo sexo.

A iniciativa procura, em palavras do executivo federal, “que os casamentos se realizem sem discriminação por motivos de origem étnica ou nacional, de deficiências, de condição social, de condições de saúde, de religião, de gênero ou preferências sexuais”.

A iniciativa de lei enfureceu os setores conservadores e, sob a consigna de “não mexa com meus filhos”  e a defesa dos valores tradicionais das famílias, saíram em defesa do que, segundo eles, está errado. As pessoas que marcharam no sábado são as mesmas pessoas que negam uma moeda às crianças de rua, os que são contra o aborto mas ficam calados quando um sacerdote abusa de um menor, aqueles que preferem jogar fora a comida em vez de compartilhá-la com quem não tem, e aqueles que são pais ou mães alcoólatras, violentos e abusadores

O direito ao casamento igualitário foi rejeitado por estes setores porque consideram que atenta contra o sistema biológico, já que Deus criou Adão e Eva para que tivessem sexo selvagem e povoassem o mundo. Mas sejamos coerentes, que as pessoas do mesmo sexo se casem não significa a extinção da população humana. Todo dia nascem 4 crianças por minuto,  aproximadamente, e as pessoas com orientação sexual diferente existem desde sempre e nunca afetou o crescimento da população.

Em momento algum se fala de mexer com os filhos dessas famílias. De fato, cada um tem direito de educar os menores como considerarem adequado, embora o melhor seria educá-los com valores que incluam o trabalho em equipe, a tolerância, o respeito e a inclusão, coisa que não fazem os integrantes da Frente pela Família.

A adoção de crianças por parte de casamentos igualitários poderia ser uma solução e uma oportunidade para os aproximadamente 1.8 milhões de crianças órfãs (dados proporcionados por Aldeias Infantis SOS de 2013, atualmente não tem números confiáveis). Os setores conservadores não veem isso porque seu pensamento da Idade Média não lhes permite ver as cifras e a realidade.

Por outro lado, um lado mais coerente, em vésperas das festividades pelo 216º aniversário da independência do México, milhares de cidadãos conscientes saíram às ruas da cidade capital para exigir a renúncia do presidente Enrique Peña Nieto, em contraste com a Marcha pela Família. As consignas como “fora Peña”, “Impeachment a EPN (Enrique Peña Nieto)!” e “Destituição e cadeia a Peña por traidor” circulavam por todas as cidades e exigiam demandas inteligentes. O Estado, como é costume, respondeu com total brutalidade, encapsulando os manifestantes para evitar que chegaram ao “zócalo” da capital e assim evitar que o presidente fizesse a cerimônia ou que os gritos da população zangada fossem mais fortes do que o “Viva o México!” de Peña Nieto.

Lembremos que o presidente nem prestou atenção à violação de direitos humanos como nos casos de Tlatlaya e Tanhuato, episódios em que civis morreram devido ao aparente uso da força por parte de soldados e agentes federais; a desaparição dos estudantes de Ayotzinapa e a morte de oito pessoas em junho do ano passado em Nochixtlán; o erro de ter convidado Donald Trump e considerá-lo um chefe de Estado quando não é. A Casa Branca e o departamento em Miami adquiridos pela primeira dama Angélica Rivera de Peña, a Reforma Educativa que pretende privatizar a educação no país, a alta do dólar, etc.

Vivemos num país onde não temos medo de sermos assassinados, senão que também nos desapareçam, onde nos falam de prosperidade e desenvolvimento enquanto caminhamos pelas ruas cheias de buracos e insegurança. A cada ano que passa acho mais difícil de explicar ou ver o que estamos celebrando, com isso de que a população mexicana quer voltar à época da Santa Inquisição e nosso presidente procura nos levar à falência total.

Tradução: América Latina Palavra Viva, para Desacato.info.


Entonces ¿Qué fue lo que celebramos este 15 de septiembre?

Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.

Cada año, en septiembre el mexicano tiene la costumbre de sentirse mexicano: deja a un lado su alocada obsesión de parecer gringo y solo por este mes se acuerda de sus colores, de la música, la gastronomía, la historia y la cultura.

El 15 de septiembre es fiesta nacional porque en cada ayuntamiento o presidencia el regente sale al balcón con la bandera en la mano y frente a una multitud festiva toca la campana, mientras grita y da honor a los héroes que nos dieron libertad, el tradicional grito de independencia que trata de escenificar al cura Don Miguel Hidalgo que en 1810 en la Iglesia de Dolores convocaba al pueblo a levantarse en armas.

A doscientos dieciséis años de aquel histórico grito de independencia he de decirles que no sé si sea lo correcto celebrar y recordar tal hazaña, no se puede celebrar una independencia si nuestro país parece que cada vez está más en gringolandia, donde el narco arrasa con pueblos, donde los precios suben y cero nos alcanza para cubrir las necesidades básicas, donde cada niño al nacer ya debe 52 mil pesos a la deuda externa, donde el Fondo Monetario Internacional dirige las políticas internas del país y donde el saqueo de la tierras, la explotación, la desigualdad, la inseguridad son nuestro pan de cada día.

El México de ahora presume ser democrático, defensor de la libertad en todas sus expresiones, tanto así que los conservadores católicos pueden marchar por las calles fomentando la discriminación hacia la comunidad LGBTT mientras que los opositores al gobierno de nuestro guapo presidente son reprimidos con toda la violencia posible. Este contraste de marchas y movimientos que se dieron esta semana describen la realidad del país la primera busca regresar al oscurantismo y la segunda busca un país mejor sin autoritarismo ni corrupción.

La Marcha por la Familia convocada por la clase conservadora, fanática y fundamentalista obviamente de mayoría católica de México salió a las calles para rechazar la iniciativa del presidente Enrique Peña Nieto de reconocer los matrimonios igualitarios en toda la república y en un futuro permitir la adopción de infantes por parejas del mismo sexo.

La iniciativa busca en palabras del ejecutivo federal “que los matrimonios se realicen sin discriminación por motivos de origen étnico o nacional, de discapacidades, de condición social, de condiciones de salud, de religión, de género o preferencias sexuales”.

La iniciativa de ley enojó a los sectores conservadores y bajo el lema de “no te metas con mis hijos”  y la defensa de los valores tradicionales de las familias salieron a la defensa de lo que según ellos está mal. Las personas que marcharon el sábado son las mismas personas que les niegan una moneda a los niños de las calles, los que están en contra del aborto pero que se quedan callados cuando un cura abusa de un menor, quienes prefieren tirar la comida la basura en lugar de compartirla con quien no tiene y los que son padres o madres alcohólicos, violentos y abusadores

El derecho al matrimonio ha sido rechazado por estos sectores pues consideran que atenta contra el sistema biológico, ya que Dios creó a Adán y a Eva para que tuvieran sexo salvaje y poblaran al mundo. Pero seamos coherentes, que las personas del mismo sexo se casen no significa la extinción de la población humana ya que diariamente nacen 4 niños por minuto aproximadamente y las personas con diferente orientación sexual han existido desde épocas inmemoriales y esto nunca ha afectado al crecimiento de la población.

Ahora, en ningún momento se está hablando de meterse con los hijos de esas familias, de hecho cada quien tiene derecho de educar a los menores como consideren adecuado, aunque lo mejor sería educarlos con valores que incluyan el trabajo en equipo, la tolerancia, el respeto y la inclusión cosa que no hacen los integrantes del Frente por la Familia.

La adopción de niños por parte de matrimonios igualitarios podría ser una solución y una oportunidad para los aproximadamente 1.8 millones de niños huérfanos (datos proporcionados por Aldeas Infantiles SOS del 2013, actualmente no hay una cifra confiable). Pero eso no lo ven los sectores conservadores porque su pensamiento de la Edad Media no les permite ver los números y la realidad.

Por otro lado, un lado más coherente, en vísperas de las festividades por el doscientos dieciseisavo de la independencia de México, miles de ciudadanos conscientes salieron a las calles de la ciudad capital para exigir la renuncia del presidente Enrique Peña Nieto, muy en contraste con la Marcha por la Familia, porque en esta marcha consignas como “Fuera Peña”, “¡Juicio político a EPN (Enrique Peña Nieto)!” y “Destitución y cárcel a Peña por traidor” circulaban por todas las ciudades y exigían demandas inteligentes. El Estado, como es costumbre, respondió con total brutalidad, encapsulando a los manifestantes para evitar que llegaran al zócalo capitalino y evitar que presidente hiciera el acto ceremonial o que los gritos de la población enojada fueran más fuertes que el ¡Viva México! de Peña Nieto.

Recordemos que el presidente ha hecho caso omiso a la violación de derechos humanos tal como en los casos de de Tlatlaya y Tanhuato, episodios en que civiles murieron debido al aparente uso de la fuerza por parte de soldados y agentes federales; la desaparición de los estudiantes de Ayotzinapa y la muerte de ocho personas en junio pasado Nochixtlán; el error de haber invitado a Donald Trump y hacerlo ver como un jefe de Estado, cuando no lo es; la Casa Blanca y el departamento en Miami adquiridos por la primera dama Angélica Rivera de Peña; la Reforma Educativa que pretende privatizar la educación en el país; el alza del dólar; etc.

Vivimos en un país donde no solo nos da miedo de que nos asesinen sino que además nos desaparezcan, donde nos hablan de prosperidad y desarrollo mientas caminamos en calles llenas de baches e inseguridad. Cada año me es difícil de explicar o ver qué estamos celebrando, con eso de que la población mexicana quiere regresar a la época de la Santa Inquisición y nuestro presidente busca llevarnos a la quiebra total.

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