O significado do legado histórico e social de Paulo Eccel para o cenário nacional
Por Maurício dos Santos, para Desacato.info.
Se Lula é meu candidato a Presidente do Brasil, então Paulo Eccel é meu candidato a Governador ou, no mínimo a Senador, pelo Estado que tanto amo, e onde vivo. Existe uma pré-campanha a Deputado Estadual de um ex-prefeito e ex-deputado catarinense com sabor de dívida moral e histórica. Santa Catarina terá, nas eleições de outubro, a missão e a oportunidade de se retratar, através das urnas, com a vítima do golpe político e social de abril de 2015 (um ano antes da presidenta Dilma Rousseff ser afastada injustamente, também em decorrência de uma armação orquestrada por setores políticos, midiáticos e jurídicos).
O município de Brusque – cidade onde, proporcionalmente, o candidato derrotado das eleições à Presidência da República (o senador Aécio Neves, do PSDB), em 2014, tivera a maior votação, é palco de uma celeuma social. Brusque adoeceu após a saída do Governo Paulo Eccel. Os buracos físicos espalhados e a falta de oportunidade para artistas, jovens e educadores, retrata o efeito da morte anunciada.
Não por acaso, o Governo comandado pelo Partido dos Trabalhadores foi interrompido na metade do segundo mandato. Paulo Roberto Eccel, advogado e professor universitário, foi responsável por uma administração que teve como principal marca a transparência dos atos e ações públicas. Com uma equipe inovadora que foi referência (trabalhando em período matutino e vespertino, algo inédito na história brusquense), a gestão de Paulo Eccel enfrentou os interesses econômicos com muito trabalho e luta. Apenas pelo alto número de praças e centros educacionais construídos ao longo do tempo de administração, podemos avaliar o trabalho do PT local, com a ajuda de aliados.
Para se ter uma noção da revolução educacional e cultural que Paulo protagonizou, logo no início de seu primeiro ano à frente da Prefeitura Municipal, foram colocadas em prática medidas populares e democráticas: o OP – Orçamento Participativo, o “Escola Aberta”, “Arte nos Bairros” e “Arte em toda Parte” foram programas que popularizaram a gestão, aproximando o povo das decisões de poder.
Foi com essa gestão que reconheci a importância dos Conselhos Municipais como instrumentos de participação e compartilhamento das decisões de poder. Nunca vi, até hoje, um Prefeito que dialogava sobre tudo – e tudo, acontecia junto dos movimentos sociais. O povo no poder, literalmente, era novidade para a até então cidade adormecida em participação popular e cidadania (conceitos novos para quem só era chamado para decidir algo, nos dias de eleições).
E o turismo popular? Aonde é que iríamos ver o povo discutindo e fazendo parte do setor que, até então, era só um assunto do setor econômico? Tantos Conselhos foram criados! Eu achava o máximo contar o número: exatos 26 (somente no primeiro mandato!!!). Tantas Conferências Municipais ocorriam pela primeira vez. O sonho de uma realidade mais justa e humanizada, era transformado em realidade. Hoje, parece que, propositalmente, o plano do atual governo é extirpar com todos aqueles sonhos, em todos os setores.
As festas populares movimentavam a economia, alegraram empresários e trabalhadores, e emancipavam socialmente quem nunca, até então, era convidado a fazer parte, de fato, do Executivo: Semana da Juventude, Semana da Consciência Negra, Semana alusiva aos Direitos da Mulher e Debate sobre Cidadania LGBTT – tudo muito simbólico e afirmativo para uma cidade que só tinha visto até 2008, uma única Conferência Municipal de Cultura (feita às pressas e com baixa adesão do governo da época).
Mas quando era para defender interesses coletivos, Paulo Eccel vai à luta – e ninguém tira uma ideia da cabeça dele. Uma equipe administrativa sempre pronta para debater, realizar, cumprir, a qualquer hora e momento metas e ações que fizeram o governo democrático e participativo entrar para a história.
Provoco qualquer cidadão, de qualquer partido político ou ideologia, a andar em qualquer rua de Brusque, e questionar aos munícipes sobre Paulo Eccel. Muitos o chamam de “o sempre prefeito”. E por que votar em Paulo Eccel é tão significativo para nosso Estado?
Brinco que a administração municipal de 2009 a 2015 foi uma réplica da locomotiva social, educacional e cultural que foram os governos Lula e Dilma. Paulo e sua equipe souberam adaptar os melhores programas desses governos. Batalhavam dia e noite por recursos, priorizaram a gestão de projetos, dialogavam com todos os setores da população – e quem disse que petista não dialoga, não transita e não verbaliza, não viu o que era o trabalho desse time!
Acreditem se quiser, mas na Câmara Municipal de Vereadores o governo contava com apenas 1 vereador do PT: Valmir Coelho Ludvig. Educador e músico, Valmir era a tradução da defesa pela cultura da paz. Enfrentamento às grandes corporações era com ele! E claro: muita cidadania participativa. Costumo dizer que Valmir foi o melhor “relações públicas” do legislativo municipal. Hoje, sem a presença dele, muito pouco se fala da Câmara de Brusque. Discussões serenas, pacatas, tornam a casa um local sem ânimo nem sede daquilo que é a essência do legislativo: discussões políticas.
Faltam atrativos. Falta a essência da política: servir ao cidadão. E essa carência social agora poderá ser suprida com o retorno do principal líder popular e emancipacionista de volta às ruas, redes e urnas. Porque nos corações ele sempre está. Paulo é a metáfora da defesa dos interesses do povo, contra àqueles que acreditam “mandar” no nosso Estado – sempre na calada da noite, em parceria com lideranças obscuras, que usurpam o verdadeiro sentido do ato político.
Se é justo eleger Dilma senadora por Minas Gerais e recuperar a liberdade jurídica de Lula da Silva, nosso “sempre presidente”, então só pode ser justo recuperar o protagonismo eleitoral e político de Paulo Roberto Eccel. Defender o legado dessa figura é oferecer uma resposta histórica aos setores econômicos catarinenses mais “neomaquiavélicos”. Então, “Deixa o homem trabalhar!”. E deixem a população fazer justiça com as mãos antenadas na urna. Sim, a resposta será concedida através da máquina que, ironicamente e estupidamente, foi vendida como sendo criada por “aqueles” que tentaram assassinar nossa história. Cada defesa semelhante também poderá ser em justiça por Dilma, Marielle Franco e ao coro de “Fora Temer”.
Imagem tomada de: Jornal Em Foco
Maurício dos Santos é jornalista e Professor de Redação. Pós-Graduação: Marketing (2013) e Arteterapia (2015). Autor do livro: Acima da Cabeça só existe o Coração.