Enquanto EUA e Comissão Europeia apostam na guerra, China propõe agenda para a solução política e diplomática do conflito

A China tem defendido a posição mais "equilibrada para se avançar na resolução política" do conflito na Ucrânia, diz o colunista Jefferson Miola

Wang Yi, chanceler da China (Foto: REUTERS/Shubing Wang)

Por Jeferson Miola

Dentre os cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU – China, EUA, França, Reino Unido e Rússia –, a China tem defendido a posição mais favorável e equilibrada para se avançar na resolução política e diplomática do conflito.

Pequim mantém uma linha de comunicação direta tanto com Moscou como com Kiev, e sinalizou a disposição de mediar as negociações entre a Rússia e a Ucrânia, se for chamada pelas partes.

Em contraste com a postura dos EUA e da Comissão Europeia, que apostam na escalada do conflito [aqui] e terceirizam a guerra contra a Rússia enviando dinheiro, armas, munições e mercenários à Ucrânia, a China atua na direção oposta.

O ministro das Relações Exteriores Wang Yi defende “esforços internacionais construtivos em favor de uma solução política”, informa o Global Times, principal jornal chinês em língua inglesa.

No dia 25/2 Wang Yi apresentou os cinco pontos que resumem a posição da China acerca do conflito:

  1. “a China defende firmemente o respeito e a salvaguarda da soberania e a integridade territorial de todos os países e o cumprimento sério dos propósitos e princípios da Carta da ONU;
  2. a China defende o conceito de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável.
    A China acredita que a segurança de um país não pode ser feita à custa de prejudicar a segurança de outros, e a segurança regional não pode ser garantida pelo reforço e até mesmo pela expansão dos blocos militares. As preocupações razoáveis ??de segurança de todos os países devem ser respeitadas.
    Após as cinco rodadas consecutivas de expansão para o leste da Organização do Tratado do Atlântico Norte, as demandas legítimas da Rússia sobre segurança devem ser levadas a sério e resolvidas de maneira adequada;
  3. é absolutamente imperativo que todas as partes exerçam a contenção necessária para evitar que a situação na Ucrânia se deteriore ou mesmo fique fora de controle;
  4. o lado chinês apoia e encoraja todos os esforços diplomáticos conducentes à resolução pacífica da crise ucraniana, e estimula conversas e negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia o mais rápido possível.
    A Ucrânia deve ser uma ponte de comunicação entre o Oriente e o Ocidente, em vez da linha de frente dos confrontos entre os principais países.
    A China também apoia a Europa e a Rússia em seus esforços para manter o diálogo em pé de igualdade sobre a questão da segurança europeia e, eventualmente, formar um mecanismo de segurança europeu equilibrado, eficaz e sustentável; e
  5. a China acredita que o Conselho de Segurança da ONU deve desempenhar um papel construtivo na resolução da questão da Ucrânia e que a paz e a estabilidade regionais, bem como a segurança de todos os países, devem ser colocadas em primeiro lugar.
    As ações tomadas pelo Conselho de Segurança devem reduzir a tensão, em vez de adicionar combustível às chamas, e devem ajudar a resolver a questão por meios diplomáticos, em vez de agravar ainda mais a situação.
    A China sempre se opõe a citar deliberadamente o Capítulo VII nas resoluções do Conselho de Segurança para autorizar o uso da força e sanções”.

Wang destacou que “a China sempre cumpriu fielmente suas obrigações internacionais e desempenhou um papel construtivo na salvaguarda da paz e estabilidade mundiais”.

E também lembrou que “que a China nunca invadiu outros países, lançou guerras por procuração, buscou esferas de influência ou se envolveu em qualquer confronto de bloco militar”.

Como defensora “do caminho da paz e do desenvolvimento” e comprometida em construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, a China rejeita “firmemente todas as hegemonias e poderes fortes”, afirmou o ministro das Relações Exteriores Wang Yi.

A opinião do/a/ autor/a/s não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

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