“A Justiça Federal suspendeu a realização das provas no Amazonas, dada a situação crítica da pandemia nos municípios do estado, onde a população sofre com hospitais lotados, falta de cilindros de oxigênio, e equipamentos de proteção individual para os profissionais da saúde.” Alexandre Borges
O governo fascista de Jair Bolsonaro não dá trégua à juventude brasileira. Em meio a uma pandemia, sem um plano de vacinação definitivo (nem seringas) para imunizar a população, decide de maneira arbitrária manter o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) presencialmente, pondo em risco a vida de milhares de estudantes de todo o país.
No ano de 2020, os estudantes e as entidades de luta da Educação tiveram uma vitória importante, fruto de ampla mobilização. Na conquista do primeiro adiamento do Enem, o governo cedeu e lançou uma enquete consultando a opinião dos estudantes sobre a melhor data para a realização da prova. Apesar de a grande maioria ter votado pela realização da prova em maio, o governo decidiu realizar a prova nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021.
No Brasil, o acesso ao ensino superior público federal acontece principalmente via Enem, assim como é por meio da nota obtida no exame que milhares de estudantes conseguem bolsas nas faculdades privadas. Caso se importasse com o futuro da juventude trabalhadora e o desenvolvimento da ciência do país, o governo federal sequer cogitaria realizar o Enem antes do fim da pandemia, entretanto, o que se vê é o desenho de uma tragédia que, caso se realize, levará ao contágio de milhões de estudantes com o Coronavírus.
Não fosse pela saúde dos mais de 5 milhões de estudantes inscritos para o exame, apenas o fato de que todo o ano letivo de 2020 foi realizado de forma remota ou não foi sequer realizado, dadas as péssimas condições dos estudantes de acesso à internet, local tranquilo para estudo ou ainda da certeza de uma alimentação saudável seria motivo para o adiamento. Dessa forma, o Enem, que já era um verdadeiro funil para o ensino superior, deixando milhões de jovens de fora das universidades públicas, caminha para um resultado mais excludente ainda.
Esse cenário derruba mais uma vez o mito da meritocracia, repetidamente emplacado pela burguesia e seus meios de comunicação, pois enquanto os filhos da classe trabalhadora enfrentaram diversos entraves socioeconômicos para realizar uma prova que os permite vislumbrar um futuro mais digno, os filhos dos grandes empresários, generais e banqueiros são herdeiros milionários que não precisam trabalhar ou estudar para conquistar um “lugar ao sol”.
Não foi preciso a pandemia do Covid-19 para evidenciar a enorme desigualdade e podridão do capitalismo, ela atualiza, no entanto, que a crueldade dos fascistas e capitalistas é sem medida quando se trata de preservar seus lucros e privilégios, mesmo que para isso seja necessário fabricar a morte de mais de 200 mil brasileiros, pressionando pela volta do comércio e das casas de festa, ao mesmo tempo embargando o processo de vacinação.
Como se não bastasse, no último dia 11 o diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), general Carlos Roberto Pinto de Souza, de 59 anos, morreu por complicações relacionadas à Covid-19.
Ontem (14), a Justiça Federal suspendeu a realização das provas no Amazonas, dada a situação crítica da pandemia nos municípios do estado, onde a população sofre com hospitais lotados, falta de cilindros de oxigênio, e equipamentos de proteção individual para os profissionais da saúde. E mesmo diante disso o governo continua tratando o Covid-19 como uma “gripezinha”, e o ministro da educação já afirmou que o MEC recorrerá da decisão da justiça federal no Amazonas.
Os estudantes perguntam então ao MEC e ao INEP: Faltam mais motivos para adiar o Enem? Se mobilizando nas ruas e nas redes, o movimento estudantil protesta pelo direito de realizar o Enem sem arriscar vidas.
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