Na academia brasileira, a história ambiental passa a ser difundida a partir dos anos 1980 através dos estudos de Donald Worster (1991), Para Fazer História Ambiental, e Warren Dean (1996), com sua História Ambiental da Mata Atlântica A Ferro e Fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. Alguns historiadores e pesquisadores brasileiros passaram a disseminá-la, contribuindo com a História Ambiental em nosso território, como José Augusto Drummond (1991), com o estudo A História Ambiental: temas, fontes e linhas de pesquisa, entre diversos outros estudos de casos; José Augusto Pádua (2004), com o clássico Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista (1786-1888); assim como os estudos que vem sendo produzidos por Regina Horta Duarte, Paulo Henrique Martinez, Gilmar Arruda entre muitos outros pesquisadores, que contribuem com a consolidação da área na academia brasileira. Teóricos da História Ambiental a distribuem em três tendências ou categorias. A primeira busca realizar uma reconstrução de como era o ambiente e sua história ecológica no passado. A segunda busca compreender os modos de vida humana, sua produção, o uso do solo em ambientes distintos, analisando seu desenvolvimento e impactos decorrentes de sua interação/exploração no passado e tempo presente. A terceira analisa as ideias, os discursos, as mentalidades e percepções sobre a natureza. Uma quarta poderia ser a união das três categorias para analisar um objeto de estudo.
Para realizar estudos de história ambiental o historiador/pesquisador deve recorrer às fontes clássicas, aos registros escritos, à icnografia, aos vestígios arqueológicos, aos depoimentos de povos tradicionais, ou isolados, assim como os mais velhos através de história oral de vida, dados e sensos econômicos e sociais, dados ambientais e outros. O historiador deve ter um espírito científico aberto a outras áreas do saber, não pode estar isolado, e deve, interdisciplinarmente, estabelecer um diálogo para conseguir uma maior complexidade na análise do seu objeto. Assim terá elementos para uma fidedigna compreensão da cultura material das sociedades e das influências recíprocas entre sociedade natureza, em diversos espaços e temporalidades.
Na Universidade Regional de Blumenau, em 2004 foi criado o Grupo de Pesquisas de História Ambiental do Vale do Itajaí, que tem como objetivo entender as relações entre sociedade e natureza nos diversos períodos históricos do Vale. O grupo realiza estudos, pesquisas e atividades de extensão em Blumenau e região. Um dos recentes estudos realizados através de um projeto de Iniciação Científica foi a pesquisa intitulada “A composição da paisagem às margens do rio Garcia, Blumenau-SC, sob a ótica da História Ambiental”. A pesquisa teve como objetivo analisar sob a ótica da história ambiental a composição da paisagem às margens de um trecho do Rio Garcia,
Blumenau – SC. Foi constatado que antes da ocupação humana no Vale do Garcia, estava presente e predominava a Floresta Ombrófila Densa. A paisagem original se modifica com a ocupação dos primeiros imigrantes a partir de 1860, quando começa a se configurar como uma paisagem rural. A partir de 70 a paisagem urbana começa a substituir a rural com uma ocupação e modificação mais intensa do espaço. São ocupados por edificações os fundos
dos vales, as margens dos rios, as encostas, e espaços que antes eram cobertos por florestas e posteriormente substituídos por cultivos e pecuária.
A excessiva ocupação humana do Vale do Garcia tem contribuído para a desfiguração da paisagem original natural e rural. Ao longo das margens, foram registradas construções, aterramentos, ocupação das encostas, retificação, dragagem e construção e manutenção de estradas e pontes de forma desordenada no espaço, o que leva a problemas socioambientais históricos em eventos climáticos extremos. Com os resultados dessa pesquisa, associada a outras pesquisas com foco ambiental, políticas públicas poderiam ser
desenvolvidas, não com objetivo de retroceder, mas sim planejando a ocupação e reduzindo o risco social e econômico do uso do solo/espaço do Vale do Garcia. O GPHAVI está
localizado no Campus 1, Bloco R, sala 130.
Para ter mais informações entre em contato através do telefone (47)33210496, ou visitando o espaço online: http://gphavi.blogspot.com
Fotos: Acervo Gphavi
*Historiador ambiental, mestre em Desenvolvimento Regional, atua como historiador/pesquisador no Grupo de Pesquisas de História Ambiental do Vale do Itajaí. [email protected]
Fonte: Revista Expressão Universitária, junho 2012