Proposta divide países da América do Sul
Durante 2ª Cúpula Celac-UE, o presidente boliviano, Evo Morales, ameaçou deixar as negociações para entrar no Mercosul caso acordo avance.
Por Vanessa Martina Silva.
Durante participação na 2ª Cúpula Celac-UE (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e União Europeia), realizada entre esta quarta e quinta-feira (10/06 a 11/06) em Bruxelas, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Mercosul (Mercado Comum do Sul) têm condições de apresentar, em breve, uma proposta de livre comércio entre o bloco e a UE. A posição sobre um possível acordo entre os blocos divide posição entre os sul-americanos.
“Acredito que isso possa ocorrer nos próximos dias ou meses. E esperamos que, da mesma forma, essa questão evolua de forma satisfatória do ponto de vista da União Europeia”, disse a mandatária.
Paraguai e Uruguai apoiam as negociações com a União Europeia.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, cujo ingresso pleno no Mercosul — integrado por Argentina, Brasil, Paraguai, Venezuela e Uruguai — está em tramitação, no entanto, fez duras críticas ao possível acordo de livre comércio. O mandatário chegou a dizer que caso o acordo seja firmado, seu país deixará as negociações para integrar o bloco: “Se o Mercosul quer forjar um acordo de livre comércio com a UE, Bolívia terá que se retirar” porque defende um comércio “de solidariedade e não de competitividade”, afirmou.
“Preferimos ampliar nosso mercado regional sozinhos a ser cúmplices de uma política desumana que prejudica as maiorias e beneficia as minorias”, ressaltou o líder do país andino.
Entre os integrantes plenos do bloco o acordo também não é consensual. A Venezuela não participa das negociações e se mantém como observadora das conversas, uma vez que ingressou no Mercosul quando o processo já estava em andamento.
Já a Argentina tem se mantido reticente com relação ao acordo por discordar de alguns pontos do tratado. Nesta quarta, o chanceler do país, Héctor Timerman, afirmou que nesta cúpula Celac-UE “não haverá acordo” entre o Mercosul o bloco europeu, e negou que seu país atravanque as discussões: “a Argentina está favorável a um acordo, sempre que seja benéfico para as partes e não sacrifique sequer um posto de trabalho no país”.
Já a Argentina tem se mantido reticente com relação ao acordo por discordar de alguns pontos do tratado. Nesta quarta, o chanceler do país, Héctor Timerman, afirmou que nesta cúpula Celac-UE “não haverá acordo” entre o Mercosul o bloco europeu, e negou que seu país atravanque as discussões: “a Argentina está favorável a um acordo, sempre que seja benéfico para as partes e não sacrifique sequer um posto de trabalho no país”.
“O que vamos defender é que o Mercosul já tem uma oferta a fazer e escutar o lado deles [UE] para saber em que pé estão, porque a informação que temos é que eles não puderam concluir sua oferta e portanto não se pode fazer a troca”, afirmou.
15 anos de negociação
Timerman se refere ao fato de que o Mercosul apresentou, no ano passado, uma oferta à UE. Em novembro de 2014, sob a presidência pró tempore da Argentina, o bloco comunicou oficialmente o bloco europeu de que já havia concluído seus trabalhos para a formalização de uma oferta. Os europeus, no entanto, não responderam a proposta sul-americana por que não havia acordo entre os 28 países.
De acordo com a declaração conjunta dos integrantes do Mercosul, a proposta é uma “oferta de bens, serviços, investimentos e compras governamentais ambiciosa e equilibrada”.
O processo de negociações entre ambos os blocos teve início em 2000, mas foi estancado devido à crise atravessada pelos países, tendo sido retomado novamente em 2010.
Uma das ausências mais sentidas no evento foi do presidente cubano, Raúl Castro, que esteve representado pelo vice, Miguel Díaz-Canel
Celac-UE
Mais de 40 chefes de Estado e de governo participam da 2ª Cúpula Celac-UE, que tem como objetivo a melhoria das relações de comunicação, diálogo político e cooperação comercial entre ambas as regiões
O presidente pró tempore da Celac, Rafael Correa, defendeu, em seu discurso realizado hoje, que o subcontinente americano deve ter certo protecionismo econômico: “América Latina e o Caribe precisam de investimento estrangeiro, mas dentro de uma relação entre Estados e transnacionais mais justa e equilibrada, que possibilite benefício mútuo, respeito aos direitos humanos e à natureza”, ressaltou o mandatário equatoriano.
Correa disse ainda que a Celac propõe a criação de centros de arbitragem que evitem atentados às soberanias e ressaltou que o organismo trabalha em uma nova arquitetura financeira. Ele criticou ainda, em menção aos acordos comerciais que “se prioriza o liberalismo financeiro e de mercadorias, mas se criminaliza cada vez mais a mobilidade urbana”
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, por sua vez, declarou, na abertura da cúpula, que a UE espera o fim do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba há mais de 50 anos. Ele também ressaltou o papel da Celac que, segundo ele, contribuiu para a solução de muitos conflitos internos na América Latina, convertendo a região “em uma zona pacífica”.
O presidente do bloco europeu também ressaltou os esforços nos Diálogos de Paz que acontecem em Havana pelo fim do conflito armado na Colômbia, que já dura mais de cinco décadas.
Neste sentido, a UE ressaltou que vai criar um fundo para financiar a execução de um eventual acordo de paz entre o governo colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), em referência aos Diálogos de Paz, que vem sendo desenvolvido em Havana, Cuba, entre ambas as partes há mais de dois anos. Não foi especificado, no entanto, o valor desse fundo.
Fotos: Divulgação e Agência Efe
Fonte: Opera Mundi