São Paulo – 92% das negociações de reajuste sobre pisos salariais resultaram em aumento real para os trabalhadores em 2011. Segundo estudo divulgado hoje (11) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os ganhos foram, em média, 3% acima da inflação.
Em 13% das 671 negociações analisadas o aumento real foi superior a 6%, tomando como base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e em 27,4% ficou-se na faixa de aumento entre 3% e 6%. Em 7% das negociações o resultado ficou abaixo do INPC, e em 52% delas o ganho foi de até 3%. No geral, assinala o Dieese, o comportamento é muito parecido ao registrado em 2010.
Apesar do aumento, a pesquisa destaca que os pisos ainda são baixos para atender às demandas do trabalhador, uma vez que poucos se igualam ou superam o valor do salário mínimo “necessário” calculado pelo órgão, de R$ 2.272.45. O índice mede qual seria a remuneração ideal para atender às necessidades básicas do trabalhador e de sua família previstas na Constituição, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.
30% dos pisos salariais analisados pela pesquisa tinham valor até R$ 600 e quase metade até R$ 650. “Valores superiores a R$ 800 foram observados em menos de 20% dos pisos. Acima de R$ 1.000, em apenas 5%”, de acordo com o texto.
“Esse distanciamento é fruto de um processo histórico, devido principalmente à onda de rebaixamento de salários ocorridas das décadas de 1980 e 1990”, avalia um dos responsáveis pela pesquisa no Dieese, Luiz Ribeiro. “Apesar de baixos, os pisos salariais vêm conquistando aumentos reais ano a ano. Desde 2003 o salário mínimo está se recuperando”. Em abril de 2002, o mínimo valia R$ 200, e em janeiro deste ano chegou a R$ 622.
Setores econômicos
O comércio foi o setor que apresentou o maior percentual de pisos com aumentos reais, atingindo 95% categorias profissionais analisadas. O setor industrial se manteve próximo, com aumentos em 94% dos pisos, de acordo com o levantamento.
No setor rural e nos serviços, a proporção de aumentos reais é menor: 89% e 87%, respectivamente. “Chama a atenção o elevado percentual de unidades de negociação com pisos reajustados abaixo da inflação nos Serviços – cerca de 11% do total do setor”, destaca o estudo. A região Nordeste foi a que apresentou os menores pisos salariais e, a Sudeste, os maiores. “Isso porque é nesta região que está o maior número de empregos e os sindicatos mais organizados”, avalia Ribeiro.
Apenas 3% das categorias profissionais analisadas exigiam nível superior. O piso mais elevado desse grupo foi de R$ 4.359 e, o menor, de R$ 607,74. Para as funções sem exigência universitária, o maior e o menor piso foram, respectivamente, R$ 1.720,32 e R$ 540,00.
* Rede Brasil Atual.