Ainda não sei qual o eleito em Florianópolis, mas ecofesteiros e esquerdas festivas já devem estar comemorando, seja qual for o resultado e mesmo com a derrota do candidato da direita mais radical e relacionada com os capitais de especuladores imobiliários e empresariais do Brasil e internacionais, ao qual apoiaram sem nenhum constrangimento e até com beatíficas anunciações de terem atingido “estado de graça”.
O mais importante para eles foi a sensação de terem contribuído para a derrota já no primeiro turno e por alguns décimos, da coligação PCdoB/PT. O que virá depois é lucro!
“Que esquerda é essa?” – se perguntará o “estrangeiro”, como aqui são chamados todos os não nascidos em “nossa terra, nossa gente”, mesmo que apenas além das fronteiras desta que é uma das menores capitais do Brasil.
Pasmem, E.T.! Pois que dessa esquerda há em todos os partidos de esquerda de Florianópolis. Se duvidar, deve haver algum até no PCdoB, mas no PT garanto! Pois se não subiram o palanque do candidato de Dário Berger nem foram transparentes como os Ecofesteiros do PSOL ao de Bornhausen, tampouco pronunciaram qualquer apoio ou subiram palanque de campanha da dupla Ângela Albino/Nildão Freire.
Conclusão: tive de anular meu voto. Anulei!
Anulei mesmo com a orientação nacional para apoio aos candidatos dos partidos da base aliada ao governo federal. Aliados lá no Brasil, pois aqui na “nossa terra, nossa gente” a única diferença é que o tradicional coronel teria de negociar com o coronelete em formação.
Qual o menos pior?
Por motivos ainda desconhecidos que dependendo dos resultados se revelarão no decorrer do exercício do próximo mandato, para Ecofesteiros é o tradicional coronel por mais crimes ambientais que as gestões de seus comandados tenham praticado.
Já os interesses dos Esquerdas Festivas que apoiam o outro menos pior, me foram apontados por uma querida amiga natural de Florianópolis, ainda que pouco identificada com “nossa terra, nossa gente”
Essa amiga também “estrangeira”, posto que Florianópolis contenha até “estrangeiros” nascidos aqui mesmo. — vejam que terra hospitaleira! – me explicou: “na hora da troca da mobília, todos beijam a mão do padrinho”.
Então o padrinho que congregava os interesses de ambos os candidatos hoje levados ao segundo turno, era o Eike Batista, apoiado até pelos Esquerdas Festivas do PT que agora recusaram apoio à dupla Ângela/Nildão.
É preciso ser justo e lembrar que os Ecofesteiros do PSOL não foram com os cornos do Eike. E se lembrar é viver, também não se pode esquecer que Nildão Freire, na presidência do diretório municipal do PT peitou contrariamente a resolução pró-Eike de seus copartidários estaduais.
Mas o que torna a eco festa de hoje mais interessante mesmo, é mais que isso. É recordar que ainda há tão pouco tempo não só o coronelete Dário Berger apoiava a implantação do maior estaleiro do continente em Florianópolis, como também e ainda mais acirradamente o filho do tradicional coronelão e patrão do candidato hoje apoiado pelos mesmos Ecofesteiros.
Convenhamos que já se vão dois anos e, como lembra a amiga, para aguentar tanta festa está mesmo na hora de trocar a mobília.
Comemorando a vitória das esquerdas festivas ou dos ecofesteiros, sem me importar com os resultados ou com qual seja o prefeito eleito, ofereço-lhes um presente que me parece bem mais honesto e coerente, nestes versos da bela Ryana Gabech:
PÉROLAS
Nada está claro
ou estamos jogando pérolas ao porco
ou nós é quem
estamos no estrume
chiqueiro
ou nos apoiamos
no papo do café
pontuando a política
e reverenciando
o caos
ou nós é quem estamos bagunçados
ou o mundo é muito organizado
ou nós é quem relinchamos
ou os códigos e as armadilhas
nos escolheram
quem está clareando o que?
quem é o sujo?
quem é o limpo?
estamos atrás das
palavras cheias de nossas bocas
Ryana Gabech