“Esse crime, o crime sagrado de ser divergente, nós o cometeremos sempre”. Pagu
A Revista Pobres & Nojentas volta a circular pelas ruas de Desterro. Irreverente já no nome, sem papas na língua e com muito conteúdo crítico e de qualidade, ela se contrapõe, desde o seu nascimento em 2006, à mídia burguesa e conservadora catarinense, que atua sob o monopólio da RBS, afiliada da Rede Globo no Sul do Brasil.
Depois de um ano interrompido o projeto, devido a questões financeiras – não e fácil manter um projeto de mídia alternativa, principalmente porque muitos criticam a mídia burguesa, mas poucos são os que apoiam iniciativas que se contrapõem ao modelo do capital – a revista volta com sua edição de número 28. As matérias dessa edição tratam da luta das empregadas domésticas pelo reconhecimento de seus direitos trabalhistas, da luta dos egípcios e dos chiapanecos no México para preservar sua cultura, traz uma análise sobre Florianópolis em ano de eleição municipal, denuncia o insaciável apetite da elite da Capital parar privatizar espaços públicos e conta a história da criação de uma inédita cooperativa de comunicação em Santa Catarina, a Cooperativa de Produção em Comunicação e Cultura. A Pobres também traz duas crônicas e dois poemas, em edição dedicada aos companheiros de luta Uby e Mosquito, falecidos em Florianópolis no ano passado.
Assim como o Desacato, parceiro de muitas lutas, a Pobres & Nojentas vem mostrando ser uma proposta de mídia alternativa em Santa Catarina que dá voz aos empobrecidos e às comunidades que não são ouvidas pela mídia e/ou quando são ouvidas, o são de forma pejorativa como se as pessoas que ali vivem precisassem de caridade e não que são capazes de se organizarem e irem à luta pelos seus direitos.
A Pobres & Nojentas – Nojentas no sentido de quem não desiste nunca de buscar vida boa e bela para todos, não é, como o próprio nome sugere, uma mídia comercial. A Pobres é vendida de mãos em mãos, em uma peregrinação pelas ruas de Florianópolis, e, em eventos nos quais a equipe de jornalistas que a editam, todos voluntariamente, participam, leva-se o seu nome. Graças ao apoio cultural do Sindprevs/SC, ela é distribuída gratuitamente nas comunidades empobrecidas que participam das suas reportagens. E não se obtém nenhum lucro com ela, toda renda da venda é usada para editar o próximo número.
Foi na antiga padaria Brasília, que hoje já não existe mais para infelicidade de quem gostava de tomar um café e pão com ovo baratos no centro da cidade, logo ali do lado da Praça XV, que as primeiras ideias da Pobres nasceram das mãos de duas jornalistas e hoje editoras da revista, Elaine Tavares e Míriam Santini de Abreu, e de um grupo de amigas. Aos poucos, mais gentes foram se engajando no projeto. Foram lindas as parcerias com o Desacato também, sempre em busca de mostrar o outro lado da notícia, da informação, busca tão necessária para ajudar na transformação social. A Pobres é uma revista de classe, escolheu um lado na luta, o lado da classe trabalhadora, e a equipe que trabalha nela são jornalistas que acreditam que o jornalismo deva ser libertário, quebrando conceitos e abrindo caminhos para uma nova sociedade mais justa e igualitária. Jornalistas que acreditam que, por suas mãos entrelaçadas, podem ajudar a transformar a sociedade em que vivem. Que sabem que o jornalismo não é e nem deve ser parcial, porque o jornalismo da mídia burguesa também não o é. Jornalistas que entendem que sim, é preciso checar fatos e ouvir as pessoas, mas mais que isso, além de ouvi-las, deve-se ajudá-las a escreverem a sua própria história.
Muitos foram os sonhos e projetos de vida que a Pobres nesse breve tempo de vida ajudou a realizar. Foi com o apoio da Pobres que várias publicações foram lançadas, através da Companhia dos Loucos, como: Porque é preciso romper as cercas: do MST ao Jornalismo de Libertação, da jornalista Elaine Tavares; Mulheres da Chico, de Catarina Francisca de Souza, Daniele Braga Silveira, Janete Osvaldina Marques, Lídia Almeida, Maria do Carmo Apolinário e Jussara Fátima dos Santos, a Sara; Seres do Bem – retratos de viandantes, do jornalista Ricardo Casarini Muzy.; Uma Cidade na Memória, do jornalista James Dadam e Jornalismo nas Margens – uma reflexão sobre comunicação em comunidades empobrecidas, da jornalista Elaine Tavares.
Agora a Pobres está apoiando um novo projeto que contará a história de uma adolescente que teve a vida ceifada pela anorexia, doença que muito retrata o que a indústria da “beleza” criada pelo capitalismo está fazendo com nossos jovens, meninos e meninas.
Muitos foram os temas já trazidos pela Pobres como as denuncias sobre a criação do Costão Golf no Santinho; a fata de direitos básicos na cidade como moradia e saneamento básico; as lutas travadas contra o capitalismo que explora e destrói nosso meio ambiente e elitiza cada vez mais a cidade, expulsando os pobres dela. Trouxe reportagens desde a América Latina, Cuba e as lutas dos povos. Retrata a realidade de uma cidade vendida ao capital e que exclui seus filhos.
A Pobres veio ironicamente para se contrapor às revistas do tipo “ricas e famosas” , veio para contar a história de mulheres de verdade, de mulheres de luta, lindas de corpo e alma. Está aí há seis anos trilhando a estrada, tentando fazer a diferença na luta de classes, a favor da classe trabalhadora.
Para que este projeto possa continuar, agregar mais forças e efetivamente fazer frente aos meios de comunicação burgueses ele precisa do seu apoio.
Você pode conhecer mais o projeto pelo link na Internet do Portal Desacato: http://desacato.info/pobres-e-nojentas/
Para comprar e/ou assinar a revista e também ajudar a construir esse projeto entre em contato com a Pobres através do e-mail: [email protected].
A revista é vendida também na banca da Praça VX, no valor de R$ 5,00.
Para assinar são 4 edições anuais no valor de R$ 25,00 reais (incluído as despesas com Correio).
Vamos seguindo de mãos dadas pelo caminho!
Porque para transformar é preciso lutar!