Educadores/as contestam redução das aulas de História e Geografia

Por Claudia Weinman, para Desacato. Info.

Redução das aulas de História e Geografia para os estudantes do ensino fundamental da rede municipal de ensino de São Miguel do Oeste/SC, e aumento na carga horária para as disciplinas de Português e Matemática, foi efetivada no início de 2016 e gera discussões.

A redução das aulas semanais de História e Geografia em turmas do ensino fundamental da rede municipal de ensino em São Miguel do Oeste/SC, e o aumento da carga horária para as disciplinas de Português e Matemática feita no início deste ano de 2016, segue gerando divergências no município. Segundo a secretária de Educação, Silvia Kuhn, a justificativa para tal adequação seria em razão de que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é baixo no município e por isso fez-se necessário reduzir aulas como as de História e Geografia.

O argumento da secretária não agrada  educadores/as e pessoas ligadas à área da Educação em São Miguel do Oeste. No ano passado, os vereadores Juarez da Silva e Maria Tereza Capra, convocaram representantes da Secretaria de Educação até a Câmara de Vereadores para prestar esclarecimentos sobre a decisão, que segundo Maria Tereza, foi aprovada em ‘gabinete’. Em sua fala, Silva disse na ocasião que considerava ‘estranha’ a mudança e enfatizou: “Por trás disso, está uma concepção de governo que tem na pessoa, apenas um objeto. Afinal, qual é a proposta pedagógica que está sendo aplicada”?

Maria Tereza Capra, também havia cobrado a presença da presidente do Conselho Municipal de Educação, Maria Nair Dill, que foi convocada a participar da sessão no dia 15 de dezembro e não compareceu. Segundo Maria Tereza, a presidente do Conselho recusou-se em entregar as atas das reuniões do Conselho onde deveria constar os motivos que levaram a redução das aulas de história e geografia e aumento da carga horária para as disciplinas de português e matemática. “As atas do Conselho são públicas, não podem estar engavetadas e escondidas”, disse ela.

Maria Tereza ainda questionou a secretária de Educação, Silvia Kuhn, sobre o porquê essa mudança na grade não foi discutida no ano de 2014 durante a Conferência Municipal de Educação. “Tivemos uma Conferência Municipal Secretária Silvia, para elaboração de um Plano Municipal de ensino com participação popular, isso não é qualquer coisa. Enquanto no Brasil se fala em uma ‘Pátria Educadora’, em São Miguel do Oeste se altera uma carga horária em ‘gabinete’ e não se discute numa Conferência Municipal. Para que serve o povo? Só para votar? Na hora de vir um representante do Conselho, a presidente do conselho não vem, e ela representa uma gama de entidades”, criticou.

REDUÇÃO AULAS DE HISTÓRIA E PORTUGUES
Educadores/as na sessão da Câmara de Vereadores, em dezembro de 2015

A vereadora complementou ainda dizendo que a história do país está sendo massacrada por falta de conhecimento histórico. “Tem pessoas querendo a volta da Ditadura Militar, isso é falta de história. Onde estão os projetos Secretária Silvia? Qual é o projeto de educação integral do município? Se pensa alguma coisa? O Conselho pensa alguma coisa? A senhora não pode responder porque não é presidente do conselho”, criticou.

A professora de Geografia, Cleidiane Grassi, disse que os/as educadores/as foram comunicados/as ‘por fora’ sobre a mudança na grade curricular escolar. “Durante uma manhã na escola, fizeram uma votação onde perguntaram se os professores aceitavam aumentar as aulas de português e matemática, e todos aceitaram, mas não fomos informados que se reduziria carga horária de outras disciplinas. Não fomos ouvidos”, disse.

Falta de Diálogo

No final da sessão da Câmara de Vereadores que aconteceu em dezembro do ano passado, sem muitas respostas, os vereadores solicitaram que os representantes da secretaria de Educação considerassem todas as falas, discutissem o assunto democraticamente com todos os/as educadores/as e aguardassem a regulamentação das bases curriculares nacionais antes de fazer a implantação de qualquer mudança.

No entanto, nesta semana, novas denúncias surgiram por parte  dos/as educadores/as, reclamando da situação. Ao solicitar explicação, a secretária de Educação, Silvia Kuhn, defendeu que a medida está implantada e deve permanecer dessa forma. “Se o aluno está alfabetizado, e tem o domínio das quatro operações, consegue fazer interpretação de uma situação problema, vai conseguir fazer análise. Por isso da necessidade de mais aulas de Português e Matemática”.

Enquanto isso, a sociedade Migueloestina ainda aguarda um posicionamento para discutir de forma democrática a questão, entendendo que a redução de aulas de História e Geografia afeta profundamente a Educação das pessoas. Em algumas redes sociais, uma imagem (utilizada na Capa desta matéria) de repúdio foi divulgada e demonstra a indignação de grande parcela da população, a qual segue sem entender essa decisão efetivada de maneira fechada por representantes da área da Educação do município de São Miguel do Oeste/SC.

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