No Espírito Santo a Educação no campo tem sido alvo de vários retrocessos denunciados por pais, estudantes, professores, camponeses e os moradores das comunidades. No município de Pinheiros, a Secretária de Educação, Marinete Zamprogn, se organiza de forma calada e passa nas casas das camponesas e camponeses da Comunidade Santa Rita comunicando o fechamento da Escola Santa Rita, com a justificativa de diminuir os gastos da prefeitura. A mesma postura foi adotada uma semana antes na Comunidade de Água Limpa, também para comunicar o fechamento da Escola da Comunidade.
Na comunidade Santa Rita, logo após o comunicado os moradores se reuniram em assembleia e construíram uma ata de repudio, onde foi relatado a luta histórica e cultural da escola e da comunidade, assim como, foi realizado um levanto dos estudantes que a escola terá até 2020, destacando a demanda da população do campo que a comunidade tem, e por fim, dizendo “não” ao fechamento da escola. A ata foi entregue a Secretária de Educação durante uma reunião, a postura da responsável pela educação no município foi de nega a abertura da escola e diz fazer nucleação da Escola Santa Rita com a Escola de Água Limpa assegurando transporte, no entanto, já transferiu os funcionários da Escola Santa Rita para outras escolas.
A Comunidade Santa Rita fez uma assembleia no dia 22 (domingo), para deliberar algumas ações concretas e convidaram o Comitê de Educação do Campo de Pinheiros, e ainda contou com a presença de lideranças do MPA e da comunidade.
De imediato ficou então encaminhado que o grupo composto por estudantes e a professora, que é contra o fechamento da escola, iriam fazer atos todos dias e também a “chamada” dos estudantes a partir do dia 23 (segunda-feira) em frente à escola, trancando a estrada principal que dá acesso à cidade, fazendo vídeos, fotos, depoimentos e divulgando na mídia.“Logo se percebe uma jogada estratégica política no município, onde se vê a colaboração com o êxodo rural, o inchaço da zona urbana, e o aumento da desigualdade social, com o principal interesse de contribuir e valorizar a empresa de móveis ‘Placas do Brasil S/A’, que tem a proposta de monocultivos de eucalipto. Portanto para expulsar o homem do campo segue uma ordem, sendo o primeiro item: fechar as escolas”, denunciam os pais dos alunos prejudicados pelo fechamento da Escola do Campo.
No dia 30 (segunda-feira), comunidade realizou uma grande assembleia, onde tiveram reunidos aproximadamente 100 pessoas, com representatividade das comunidades de Santa Rita, Água Limpa e Clemencias, integrantes do MPA, MST, Comitê da Educação do Campo de Pinheiros, Câmara de Vereadores, Associações, Deputado Givaldo Vieira e outras lideranças locais. Na ocasião retomou-se o histórico da comunidade, suas raízes culturais e ficou encaminhado que no dia 02 (quarta-feira) a comunidade iria até a prefeitura conversar com o atual prefeito doCom o conteúdo de denuncia em mãos, demandaram de uma outra ação que foi a denúncia do fechamento da escola no Ministério Público, porem este se posicionou da mesma forma que a secretária de educação, ou seja, a favor do fechamento da escola.
Ambas as decisões ignoram as Leis de Diretrizes de Base da Educação, que assegura o direito dos estudantes de frequentarem a escola em suas comunidades, assegurando assim a permanência da Escola na Comunidade, respeitando todo o contexto histórico e social.
Como fruto dessa ação a Comunidade conseguiu um documento assinado pelo prefeito onde assegura que a escola continuará aberta e funcionando. Essa foi uma vitória da Classe Trabalhadora, mas a luta continua, por deliberação do coletivo, encaminharam mais um ato no próximo dia 07 (segunda-feira), na Câmara de Vereadores para construir uma Lei que garanta o funcionamento das Escolas do Campo e o “não” ao fechamento das demais Escolas do Campo no município.
Soraya Reis Konoski, camponesa e dirigente do MPA, destaca a importância da luta travada, “garantir a Lei da Educação do Campo, onde os educadores tenham a formação voltada a Educação do Campo é muito importante, assim como uma educação que garanta as escolas do e no campo, onde os estudantes frequentam a escola próximo de suas casas, para que não percam suas raízes, sua cultura e seus valores. Essa é uma luta que o comitê e os movimentos sociais estão assumindo, principalmente o MPA que colocou sua bandeira de luta mais a frente com a base da comunidade e nós temos que garantir essa discussão, e foi uma forma de reacender o movimento na região”, destaca a dirigente do MPA.