Em poucos dias começam as campanhas majoritárias e proporcionais. Chega a hora do debate concreto de propostas; as grandes propostas que defenderão os candidatos majoritários e as mais específicas das e dos candidatos a vereadores. A macro e a micropolítica se reunirão através dos debates online de uma eleição na esteira da pandemia que revelou, mais uma vez, que desigual é Florianópolis.
Na macropolítica, na disputa de modelos de gestão, é definitivamente impossível pensar a capital catarinense sem olhar para os municípios vizinhos, São José, Palhoça e Biguaçu, que jorram milhares de pessoas no mercado de trabalho florianopolitano. A trama viária, a mobilidade urbana, as relações estruturais já não são compartimentos estanques. Esses municípios são inseparáveis dadas suas relações de produção, habitação, educação, saúde e segurança. De modo tal que os programas de governo municipal precisam atender essa realidade que não tem retorno.
Na política legislativa haverá que deixar muito claro qual é o papel que as e os vereadores da Frente Popular querem exercer a partir de 2021: se simples produtores de leis ou agentes fundamentais da democracia representativa, incluindo a sociedade em cada debate que procure mudar o atual afastamento da população da Câmara de Vereadores, com a única exceção da pequena bancada dos partidos de esquerda.
Talvez nunca como nesta eleição polarizarão duas visões de mundo. Com o esperado crescimento da representação bolsonarista, a escalada de atrasos fundamentalistas e seu balcão de negócios, vide “centrão” no Congresso Nacional, se necessitará de uma visão abrangente, educadora e inclusiva de cidade para disputar a hegemonia contra a política reacionária. Será preciso a presença construtiva dos movimentos sociais e setoriais, junto a vereadoras e vereadores do campo popular, como atores programáticos e como protagonistas de uma permanente e intensa pressão que supera o que ainda será uma correlação de forças legislativa desconfortável.
A luta por valores e visões de mundo, a inclusão popular nas mudanças urgentes numa das capitais mais desiguais do país, também necessitará de uma vitória dos candidatos majoritários da Frente no segundo turno. Isso exige começar já, hoje, a traçar as linhas organizacionais da campanha, a feitura das propostas principais e a convocação popular para o debate dos eixos imprescindíveis para torcer a vontade das elites locais.
As escolhas e as interlocuções para um programa verdadeiramente popular precisam ser transparentes e inclusivas. Todos os partidos têm seus programas e anseios, mas, sobre eles há um anseio maior que precisa ser ouvido e interpretado, o desejo irrenunciável dos excluídos, desfavorecidos e violentados por sucessivas administrações de costas ao povo pobre. O primeiro segredo para termos um programa vitorioso em Florianópolis é saber escutar e saber incluir. Sem isso não haverá vitória, e se a houver, não haverá como sustentá-la.
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