#Editorial O Brasil vai se declarar racista na ONU?

Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.

Uma carta assinada por 54 países da África e encaminhada ao Conselho de Direitos Humanos da ONU solicitou que se instale o debate sobre a “brutalidade com que são confrontadas diariamente as pessoas de ascendência africana em numerosas regiões do mundo.” A solicitação foi feita no dia 12 de junho, sexta-feira passada. Em definitivo, o que os países africanos exigem, com absoluta legitimidade, é que se discuta o racismo na Organização das Nações Unidas.

Tanto nos Estados Unidos como no Brasil, mais mortes violentas de pessoas negras aconteceram depois da sexta-feira, e promoveram mais manifestações da população afrodescendente em defesa dos seus direitos. Na notícia veiculada pela Agência France-Presse, o embaixador do Burkina Faso, Dieudonné Désiré Sougouri, pediu que se organize “um debate urgente sobre as atuais violações aos direitos humanos de inspiração racial, racismo sistêmico, assim como a brutalidade policial contra as pessoas de ascendência africana e a violência contra manifestações pacíficas”.

As mortes acontecidas nos Estados Unidos e também as mortes acontecidas no Brasil não são uma novidade ou exceção: a regra histórica é a morte violenta do povo negro, tanto no gigante do norte como no gigante do sul.

O debate solicitado pelos países africanos para ser aprovado será submetido à votação hoje, 17 de junho. E o Brasil terá que decidir se vota a favor ou contra esse debate tão urgente e já muito atrasado na esfera da ONU.

Como a proposta que será apresentada, segundo transcenderam fontes africanas, propõe que uma comissão internacional de inquérito seja estabelecida, de maneira inédita, contra os EUA, por conta do racismo e violência policial, e mais, que a mesma investigação possa avaliar esses atos de racismo e violência em outras partes do mundo, é possível que Brasil não queria votar contra si próprio nem contra seu líder ideológico, Donald Trump.

Estados Unidos não faz parte do Conselho de Direitos Humanos, mas seu abnegado sócio, o Brasil, sim. Se o Itamaraty decidir votar contra a proposta africana exporá perante o mundo o projeto bolsonarista mais explícito: a destruição definitiva da imagem de país minimamente sério, justo, fraterno, inclusivo, multidiverso e respeitoso dos direitos humanos, e se declarará incapaz de pagar sua dívida histórica com as populações que aqui chegaram sequestradas, escravizadas, torturadas e que assim continuam.

Hoje o Brasil terá mais uma oportunidade de escolher entre ser um país soberano ou uma triste colônia do império norte-americano e seu governo racista.

1 COMENTÁRIO

  1. Eis a questão! Com este genocida no poder, não poderemos esperar atitudes não racistas. Ele desconhece o povo brasileiro e deve ter fugido das aulas de História.

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