Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.
Quando uma pandemia que assola todo o planeta atinge um estado ou uma cidade ninguém espera sair dela totalmente imune. Sabem os governantes que, por vezes, só se consegue amenizar o problema. Os dirigentes sérios tomam rapidamente as medidas possíveis e se não suficientes se informam, comparam situações, buscam medidas práticas de organização e combate que aliviem o problema. Observam os exemplos que deram certo em outros lugares e se preparam para uma árdua batalha contra o problema. Exibem conhecimento, firmeza, transparência nos seus atos e decisões, tendo como objetivo central a vida dos seus governados. Nada disso aconteceu em Santa Catarina e hoje colhemos o resultado infame dessa incapacidade política e ética para com a população: mais de mil mortos e quase 80 mil infectados.
Muitos prefeitos e o próprio governador, Carlos Moisés, começaram razoavelmente bem, ordenaram restrições, organizaram um método de informação diária e obtiveram resultados positivos nos primeiros meses da pandemia. Depois, a falsa dicotomia economia versus saúde, entrou em campo. Alentados por um presidente da república ignorante e irresponsável, os empresários e os parlamentares, afins aos setores de negócios, iniciaram a pressão para reabrir indústrias, shoppings e serviços não essenciais como cultos e atividades físicas em espaços coletivos.
O governo estadual começou a sofrer a erosão produzida por negócios irregulares em torno à compra de equipamentos para atender a população.
A imprensa das elites jogou sua partida com um discurso dúbio, atacando o governo, mas também, estimulando o debate sobre os prejuízos que sofreria a economia se as medidas restritivas não fossem flexibilizadas, a mesma cantiga infame de Jair Bolsonaro.
Agora é tarde para reparar o dano que essa pressão direta dos setores empresariais, a dupla mensagem da mídia e as performances marqueteiras do presidente fizeram. Ficam 200 leitos de UTI para atender os casos de coronavírus no estado e há ainda mais de 11 mil casos em acompanhamento.
Às pressas para encontrar soluções no combate tardio nesta guerra perdida contra a pandemia, alguns municípios se mobilizam para obter ajuda externa. Tarde, muito tarde para as mais de mil famílias que perderam seus seres queridos. A proximidade das eleições municipais coloca a muitos gestores locais em situação difícil: estão associados inseparavelmente às mortes que dizimaram o estado. Como se reeleger com tanta morte e desolação nas costas?
É de se esperar que nossa população se libere da anestesia inoculada desde o golpe de 2016 e consiga substituir, democraticamente, os prefeitos que foram, com sua letal inconsequência, os principais protagonistas negativos da tragédia histórica de um estado rico e desigual como poucos na federação.