Dona Marina, também conhecida como Malitzin, se fez famosa através da história como Malinche. Indígena da etnia nahua, Malinche acompanhou o mercenário Hernán Cortez na sua gesta genocida para que a Espanha conquistasse as terras mexicanas no século 16. A história daquela mulher atravessou os séculos como “a maldição de Malinche”. Esse caso não foi isolado e nossa Pátria Grande teve uma lista interminável de traições de norte a sul. Primeiro servis às monarquias, e mais tarde ao imperialismo norte-americano, as nascentes burguesias, oriundas da precária independência dos nossos países, continuaram traindo os interesses das nações mestiças das Américas até hoje. Assim como Santander traiu Simón Bolívar, hoje temos o Grupo de Lima, a reedição política de Malinche, agora servil aos interesses dos Estados Unidos.
O chamado Grupo de Lima fundado em 8 de agosto de 2017 está integrado pelos chanceleres dos países da América Latina que apoiam, de forma incondicional, os interesses norte-americanos na região. Na sua formação inicial o Grupo de Lima contou com a participação da Argentina de Maurício Macri e o Brasil do golpista Temer como principais protagonistas. Somavam-se o México do conservador Enrique Peña Nieto, a Honduras do regime de Juan Orlando Hernández, o Peru do corrupto Pedro Pablo Kuczynski, anfitrião da primeira reunião do grupo, a Colômbia de Juan Manuel Santos, além do Panamá, o Paraguai, a Costa Rica e a Guatemala.
A tarefa dada aos chanceleres do Grupo de Lima foi e é acompanhar as ações da OEA contra a Venezuela, comandadas pelo personagem mais nefasto que já teve a política latino-americana, o uruguaio Luis Almagro. No entanto, o grupo não se limitou à pretensão de desestabilizar o governo de Maduro e estendeu sua “contribuição” participando ativamente no reconhecimento dos golpistas bolivianos. Também participou das campanhas eleitorais que deram a vitória aos partidos conservadores que vinham sendo derrotados no século 21 por partidos e movimentos progressistas.
Este grupo composto por representantes dos núcleos mais duros das antigas e novas oligarquias locais é, sem a menor dúvida, um grupo de intervenção às democracias que os Estados Unidos consideram hostis aos seus interesses.
A construção da Celac, Unasul, Petrocaribe, a tentativa de criar o Banco do Sul, feria os interesses norte-americanos, da União Europeia e da entidade sionista de Israel. A vetusta e desacreditada OEA não tinha força política e moral para abordar sozinha essas tarefas. A resistência venezuelana exigia dos governos estadunidenses novas organizações capazes de seguir a tradição de Malinche. Os traidores do Grupo de Lima aceitaram o serviço sujo.
Por isso há necessidade de mudar a correlação de forças derrotando os traidores da Pátria Grande desde seus cenários locais, para só depois destruir essas novas ferramentas que o império constrói para minar a unidade dos povos latino-americanos. As mudanças são urgentes, não dá para esperar mais.