Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.
A democracia representativa é incompleta. A cada dois anos há uma eleição no Brasil, porém o exercício da democracia para as grandes maiorias se limita a isso, um minuto de urna a cada 730 dias. A possibilidade real para a população intervir além do voto acontece apenas se houver pressão constante e fiscalização diária, ou quando há vontade explícita de um governo ou de um legislador para abrir o diálogo e deixar participar o povo diretamente no seu mandato.
Por isso, nos períodos eleitorais os debates programáticos e de compromisso com os eleitores e eleitoras é central numa democracia ainda não muito desenvolvida. É do confronto ou da complementação das ideias, de forma pública e aberta, que surgem os modelos de sociedade mais transparentes e que permitem que, mesmo limitadamente, a população, com base no conhecimento adquirido, escolha, demande e fiscalize o que seus elegidos se comprometeram a legislar ou executar. Quando se renuncia ao debate se renuncia à democracia.
Fugir aos debates foi a tática bem sucedida de Bolsonaro, negar o seu verdadeiro compromisso e limitar-se ao uso da mentira nas redes sociais para atingir seus objetivos. O resultado do seu triunfo é este país em frangalhos, de aumento da miséria e o desemprego, cada vez mais desigual, mais racista, mais homófobo, mais pária.
O problema é que essa tática, por maldosa e bem sucedida pode ser copiada por outros gestores nas eleições municipais. Nesse sentido, no último sábado, diversas coligações e o Partido Novo exigiram que a mídia tradicional de Florianópolis cumpra o papel que lhe corresponde viabilizando e apresentando os debates dos candidatos ao pleito eleitoral de novembro na capital catarinense. Corresponde nos perguntar por qual razão Gean Loureiro não assinou essa nota pública que foi assinada por Elson Pereira, Angela Amin, Ricardo Camargo, Pedro Silvestre e Orlando Silva. Pelo visto todos os candidatos querem debater menos Gean.
Mas, tem algo mais, por qual razão a mídia conservadora da cidade não propicia esses debates? Que motivos tem? Se ficar uma cadeira vazia nos debates não será empecilho para que ele aconteça. A grande mídia apoiaria a omissão do atual prefeito porque ele, como chefe do executivo municipal, é cliente da sua pauta comercial?
A transparência na gestão pública precisa também de uma mídia transparente. Essa mídia tem lado, como o Portal Desacato tem lado. Não existe jornalismo imparcial. Então se essa imprensa decidir não propiciar o debate tem que explicar o motivo. Tem que deixar claro qual é seu lado. Não seria ilegítimo que a imprensa conservadora estivesse do lado do prefeito e fosse remissa ao debate porque Gean Loureiro não quer participar. Ilegítimo é que continue atuando como se não tivesse lado.
Desacato informa “por esquerda” e a grande mídia informa “por direita”. Não há drama nisso. Porém, teremos um grave problema democrático se o prefeito de Florianópolis e a mídia conservadora da cidade ocultam suas verdadeiras intenções.
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