Leitoras e leitores, chegou a hora do voto. Bom dia!
A eleição municipal de 2020 pode ser um ponto de inflexão na ascensão da ultradireita no Brasil. Uma ascensão sustentada na despolitização programada pela grande mídia brasileira insatisfeita pela hegemonia progressista no país e na região. Foi essa mídia a que insultou, omitiu, mentiu, atacou e conseguiu desestabilizar governos na América Latina toda. No entanto, escaparam do seu controle, por grosseiros, violentos, autócratas e fóbicos a maioria dos personagens que elevou às prateleiras presidenciais. Trump, Macri, Juan Orlando Hernández, Jeanine Añez são alguns exemplos dessa despolitização e da submissão explícita aos Estados Unidos. Nesse cenário arquitetado pela mídia, o poder judiciário e os parlamentos entreguistas o pior dos exemplares foi escolhido no Brasil, ele é Jair Bolsonaro.
Tenta agora essa mídia indigna que os fracassos de Bolsonaro não interfiram nas eleições municipais, mas, nas capitais, especialmente, é mais complexo separar o presidente dos seus candidatos provinciais. O próprio Bolsonaro, em suas constantes aparições ao vivo na internet, faz questão de mostrar que sim está vinculado às suas candidaturas, gostem elas ou não. Bolsonaro foi reprovado por quase 50% dos moradores de Florianópolis, seus candidatos, praticamente todos os da direita vernácula, tentam dissimular seu vínculo com o ex-capitão, particularmente em temas sensíveis como a pandemia do coronavírus. Contam para isso com a mídia, sempre disposta a satisfazer os desejos dos seus clientes históricos e das elites da capital catarinenses que há 23 anos a tornaram uma das capitais mais injustas do país.
Imediatamente depois da eleição de Bolsonaro, em Florianópolis, alguns partidos através dos seus legisladores municipais começaram a traçar uma tentativa de resposta ao crescimento da ultradireita. Essa tentativa iniciada em 2018 culminou em 16 de setembro com a declaração de unidade da Frente Democrática por Floripa. Essa Frente se propõe como alternativa às candidaturas de direita, tanto na disputa à Prefeitura, como à Câmara de Vereadores. 8 partidos, duas correntes comunistas, um apoio crítico e mais de 100 candidatos e candidatas à câmara são o exército que o próximo domingo buscará a vitória depois de mais de duas décadas de frustrações.
O Portal Desacato tem acompanhado desde o mês de julho, diariamente, entrevistando os integrantes da Frente, os candidatos e candidatas, criando mesas temáticas e programas de debate. Temos defendido a construção da Frente que, pode não ser a panaceia e de fato não é. Não é uma frente que qualificaríamos como de esquerda na sua totalidade, porém é a frente que foi possível construir, o mais ampla que conseguiram seus dirigentes e militantes, é a ferramenta construída para mudar a cidade.
Corresponde que por coerência editorial voltemos a declarar nosso apoio, agora na hora da votação. Há motivos para ter esperança num segundo turno para Florianópolis. Mas as esperanças precisam construir possibilidades. A militância tem poucas horas para consolidar a chegada ao segundo turno. O exército de candidatos e candidatas precisam fazer seu esforço final, inclusive para aumentar o número de vereadores e vereadoras do campo popular. Chegou a hora de fazer parte dos movimentos continentais que procuram recuperar o protagonismo e estão recuperando os governos progressistas e, sobretudo, chegou a hora de derrotar o bolsonarismo em Florianópolis e com ele suas elites que olham a cidade como um balcão de negócios. Precisamos uma cidade justa e a possibilidade mais imediata está na urna.