Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.
Com mais de 70 mil mortos, com quase dois milhões de infectados, o Brasil suporta algo semelhante a uma monarquia mafiosa, onde a corte do rei tem trato diferenciado. A prisão domiciliar de Fabrício Queiroz e sua mulher é um escândalo jurídico, mas, qual dos escândalos do governo Bolsonaro poderia já surpreender?
Colocar fogo na palha é uma estratégia do palácio e não precisa de bombeiros. Dentro das chamas estamos os trabalhadores e trabalhadoras. Perdidos na fumaça estão os padecentes, os que mal sobreviverão a esta rotina de perdas e humilhações, os que deixam e deixarão a vida pela pandemia, pelo desemprego, pela violência policial e pela fome.
Não há democracia que resista a um poder judiciário intoxicado por um governo determinado a defender ladrões, assassinos, estelionatários. Não é possível manter uma sociedade erguida se, desde o poder eleito nas urnas, o joelho do crime aperta impunemente o pescoço da cidadania.
Os privilégios de Queiroz, adido especial da família Bolsonaro; a queima de arquivo com o assassinato de Adriano da Nóbrega; o crime que acabou com a vida de Marielle Franco e Anderson Gomes em 14 de março de 2018; o assassinato de indígenas a mãos dos interesses estimulados pelo Poder de Executar do governo nacional; o crime cotidiano contra crianças, mulheres e jovens negros, tudo está naturalizado no Brasil.
A novela miserável do Ministério da Educação remarca com força a visão de mundo dessa gente vulgar e fanática. O ódio pelos avanços da civilização, a destruição da laicidade necessária a um estado moderno, o paternalismo machista e violento na compreensão da educação e da formação social infantil e na concepção do lar, se expressam na escolha do novo ministro da área, pastor Milton Ribeiro, não por ser pastor e sim por ser uma foto do atraso ao qual estamos submetidos.
Todas e todos sabemos que só vai preso o pobre, o preto, a mãe que rouba leite numa prateleira, o rapaz que rouba um frasco de xampu. Não existe habeas corpus para pobre, para pessoas que se tivessem as mesmas possibilidades que os privilegiados não teriam todos os dias a vida em perigo. No Brasil não há menos favorecidos, no Brasil há desfavorecidos em todos os aspectos e é a enorme maioria do país. Os que já estão presos nos cárceres, ou nas suas casas pela pandemia e seguirão presos pelo desemprego, a discriminação e a exclusão.
O governo Bolsonaro, em lugar de administrar a nação a tem invadido e nela instalou a monarquia mais grosseira que já teve nosso continente colonial.
As fumaças diárias que emergem do Palácio da Alvorada ocultam um edifício de sangue e descompostura cívica. Brasil não está à beira do abismo, já está dentro e custará levantar-se e ver o sol novamente.
