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A saga de resistência do povo saaraui não é notícia nos jornalões, nem nas redes de televisão nem em nenhum tipo de mídia que represente os interesses das elites mundiais. Nos jornais da Espanha aparece de vez em quando o conflito. Mas, como sempre, a mídia sustenta a narrativa que convêm à monarquia marroquina, associada ao país peninsular que antes foi seu ocupante.
A Espanha franquista é quem entregou os territórios saarianos ao monarca marroquino, Hassan II, serviçal de Ocidente. Essa entrega é uma das dívidas pendentes mais importantes que tem uma Espanha também monarquista com os direitos humanos e a autodeterminação dos povos. O espírito colonialista da monarquia espanhola não mudou com o retorno à democracia. A Espanha continua sendo colonialista, agora de forma indireta, pela aliança com a cruel monarquia do Marrocos.
Desde que em 1976 a Frente Polisário declarou a independência do seu território, a imprensa trata à frente como dentro da Espanha trata todos os movimentos independentistas, sejam galegos, bascos, andaluzes ou catalães, estes últimos com seus dirigentes presos em pleno século XXI. Sempre ronda o adjetivo terrorista ou traidor a qualquer movimento que reivindique seus direitos históricos, culturais, étnicos, políticos e econômicos.
A República Árabe Saaraui Democrática precisa do reconhecimento e ajuda internacional em defesa do seu direito à autodeterminação frente ao opressor marroquino. Seus povos historicamente autônomos ficaram a mercê dos interesses do Ocidente que, através da vassalagem do Marrocos, tem os olhos postos nas riquezas do seu território assim como no controle dessa região estratégica que reúne o Oceano Atlântico com o Mar Mediterrâneo.
As lutas contemporâneas do povo saaraui merecem um tratamento jornalístico semelhante àquelas que travam o povo palestino, iemenita e o povo curdo. A nascente mídia das elites latino-americanas, ovo que chocou a Sociedade Interamericana de imprensa, nos inculcou a falsa normalidade da destruição da Grande Colômbia, a colonização de Porto Rico, as invasões ao Panamá e tantas outras agressões à autodeterminação dos povos. Colocar em pauta a luta do povo saaraui é de especial importância.
Estamos em 2020 e ainda existem povos milenares com culturas e formas de vida diferentes, que são alvo do ataque impiedoso de Ocidente e suas elites perversas. Elites protegidas pela chamada “comunidade internacional” que se esconde entre os bastidores da Organização das Nações Unidas, dominada pelo poder bélico e econômico das grandes potências. A luta saaraui é um alerta para todas as nações que possuem riquezas ou têm territórios estratégicos para o capitalismo imperialista, e necessita ser contemplada por sociedades que de tanto olhar para o umbigo um dia perderão os olhos.