Florianópolis, 4 de fevereiro de 2014.
Não há nada de escuro na ‘licitação’ do transporte público em Florianópolis. Tudo é muito claro. Tapa na cara da gente e faz de conta à vista de todo mundo. Assim poderemos passar de um estágio de reserva de mercado a outro mais avançado de oligopólio e cartelização do transporte. A oligarquia é muito unida, contundente, e usa todos os recursos que tem. A mídia também.
A diferença de visão sobre a realidade se denota entre a cobertura que fez nossa jornalista Camila Rodrigues, sobre a ausência de transparência na licitação, e alguns dos artigos da RBS, no sítio do Diário Catarinense.
Rodrigues transcreve palavras do advogado do Movimento Passe Livre: “O edital foi construído a portas fechadas, sem nenhum representante da sociedade civil”. Afirma Rodrigues que “a atitude contraria a Lei 8.666, que regula os processos de licitação”. O advogado Sartoti afirma à colega que a licitação não deveria ser “sigilosa, sendo pública e acessível ao público”.
O DC, cuidadoso com os empresários, publica: “O consórcio Fênix, formado pelas empresas que já operavam o serviço na cidade, é candidato único no processo de licitação que iniciou no segundo semestre de 2013. A entrega da proposta (…) foi acompanhada de protestos do Movimento Passe Livre e Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Urbano da Grande Florianópolis (Sintraturb). Em novembro, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) chegou a contestar pontos do processo.” Etc.
O TCE nadou e não chegou. O DC não duvida da ‘lisura’ do procedimento ‘licitatório’. A ressurreição da ave Fénix, oligopólio e cartel, não merece mais crítica que avisar que o MPL e o Sintraturb espernearam.
Fénix, sem concorrência, oferece aplicativos para celulares e tablets. A modernidade que reproduz a RBS é infinitamente diferente da cidade sem tetos, sem mobilidade urbana e privatizada. É lógica a diferença entre Desacato e a RBS. Cada quem cuida dos seus interesses, bem diferentes.
