Editorial

15 de janeiro de 2014.

Para quem não entende ainda o custo pago pelas nossas democracias, mesmo que imperfeitas e, em alguns casos, medíocres, bastaria conhecer alguma linha das que deixou como legado imortal, Juan Gelman. No México, Gelman fechou os olhos e abriu a luz definitiva da nossa saga humana. O poeta, escritor e jornalista, nascido no lindíssimo bairro de Villa Crespo, Buenos Aries, em 3 de maio de 1930, começou sua carreira na histórica editora de Manuel Gleizer (procure em: http://losotrosjudios.com/) e chegou ao ponto mais alto da literatura hispano-americana.

Em tempos tardios, nos quais o Brasil, por fim se comissiona sobre a Verdade das ditaduras que destruíram democracia, a partida de Gelman significa a chegada ao ponto culminante de contato entre a morte e a vida eterna na memória dos povos. Quando Marcarena, que teve seus pais desaparecidos pela ditadura, anunciou a morte do seu avô, soubemos que ele cumpriu seu papel, sem falha, sem descanso e sem demora. Coresponde a nós cumprir e concluir o nosso, julgando e castigando a morte forçada, honrando a Vida e a Paz, garantindo o direito de criar e dissentir.

Num tramo de poema, Gelman escreve: “Vieram ditaduras militares, governos civis e novas ditaduras militares, me tiraram os livros, o pão, o filho, desesperaram minha mãe, me mandaram embora do país, assassinaram meus irmãozinhos, torturaram meus companheiros, os desfizeram, os romperam.”. A história desta Nossa América em breves versos. A região do Outro Mundo Possível este ano enfrenta diversas eleições, ainda, em atos de democracia representativa.

No Brasil, o governo da presidenta Dilma será avaliado. Os avanços em relação aos governos conservadores são inegáveis, mas, insuficientes. Poderá este governo, entre discussões constituintes, busca da verdade e mundial de futebol, superar a pusilanimidade no enfrentamento aos interesses multinacionais e oligárquicos; apresentará um projeto mais justo de país? Quem sabe.

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