Parece que tudo está errado, muito errado e perdemos até casa que nos abrigava, porque entre o abrigo e o salário de uma companheira houve que garantir o salário. Alguma esperança que nos alimentou, mesmo que pequena, leve, descontínua, correu da raia e nos deixou sozinhos, olhando pro nada. Os tempos fugiram do relógio disparados por uma realidade insólita, despropositada, uma caricatura vil da verdade. Houve que resistir, e de tanto resistir, vencer.
Assim foi 2018 para Desacato, duro, inquietante, e mesmo assim ficamos com a mesma foto coletiva que nos desenha há mais de 3 anos. Só uma companheira foi, só um companheiro veio. Permanecemos unidos e amarrados ao teclado, atrás do telefone celular, da câmera, embrenhados nas redes, aos gritos, com os punhos fechados, abrindo as mãos para acariciar, estendendo os braços entre corpos apertados e ilusões quebradas. E quando o limite nos apertava explodimos em risos intermináveis porque passamos por cima do fracasso uma e outra vez.
Informamos, dizemos, insistimos, explicamos, crescemos, porque quando vem a tesoura de podar hão de nascer mais talos e mais flores. Por isso se estava difícil manter um JTT, de teimosos agregávamos mais um dia de edição, e mais outro até onde foi possível. Porque quando aperta o discurso ultraneoliberal há que responder com um programa que fale dos Crimes Neoliberais. Porque se avança o agronegócio contra os indígenas há que produzir mais e mais Vida Em Resistência. E como o discurso uniforme alienou houve que medicar com A Outra Reflexão. E viver o dia-a-dia nessa constante retrospectiva autocrítica que aponta para algum futuro, porque a luta é contínua, antiga e presente, e caminha com o horizonte. É que para isso construímos uma cooperativa comunicacional majoritariamente feminina e feminista, fabricada tramo a tramo por bravias Mulheres da Pátria Grande.
Teve que ser assim, entre janelas que se fecharam e portas que se abriram. A fotografia da linha de chegada de 2018 em Desacato teve milhões de acessos, com centenas de dúvidas, com um punhado de certezas irrenunciáveis.
Obrigado, obrigada, por nos acompanhar a cada dia, por nos ler, nos assistir, nos ouvir, nos apoiar, por regar de fidelidade e carinho cada passo, ousado ou cauteloso, cada sorriso e cada lágrima.
Está por começar o 12º ano do Portal Desacato, e o 7º da Cooperativa Comunicacional Sul. Virão mais programas, mais projetos, mais argumentos, menos dúvidas, novas certezas. Chegarão novas e novos companheiros para vasculhar A Outra Informação com mais força. Vamos defender com mais determinação O Direito Humano à Comunicação, com a mídia independente, com as rádios comunitárias, com os movimentos sociais e as lideranças políticas do campo popular. Não vamos abrir mão de sonhar juntos, de sonhar livres.
Vem 2019 e você sabe o que isso significa. O desafio está posto, o aceitamos juntos?
Vão trabalhar mais e utopiar menos em 2019? bem fora de moda e sentido isso aqui heim kkkk