Editorial

Florianópolis, 12 de agosto de 2014.

Quantas Gazas tem o Mundo? Quantas Gazas tem o Brasil? As Gazas não se medem só pelos bombardeios, pelos bloqueios, pela falta de interesse concreto dos dirigentes mundiais, com a ressalva salutar de uns poucos da Nossa América, Latina e Caribenha. As Gazas não se apreciam conjunturalmente, nem são um espetáculo midiático pontual, trás do qual também marcham os veículos de comunicação progressistas como ordeiras ovelhas do mandato noticioso. As Gazas e os genocídios são a prática mais sofisticada, constante e brutal do Imperialismo, e seu consequente capitalismo, que se negam a cair, mesmo que adoecidos de fúria, ódio e crises estruturais.

A perseguição étnica, religiosa, de gênero, de classe, recicla todos os dias os manuais das agências terroristas dos Estados Unidos, da União Europeia e de Israel. As experiências carniceiras as exportam em diversas áreas e a dezenas de países. Honduras, Colômbia, Ucrânia, Sudão dividido, Nigéria, México, todos têm suas Gazas. Brasil tem suas Gazas nos morros e vilas, nas aldeias indígenas convertidas em reservas miseráveis onde se margina o habitante que era dono de tudo, pois, é o único que semeou a Pacha Mama nas origens destas terras. Nos guetos aos quais são submetidos os desesperados que chegam da África e do Haiti há Gazas.

Um dos perigos constantes aos quais estão submetidas essas Gazas não provém, no entanto, do sistema, do capital, do império ou do sionismo. Provém do esquecimento. As Gazas merecem de nós, jornalistas e comunicadores, e da sociedade civilizada e minimamente esclarecida e sensível, essa que pode se informar e formar opinião, uma atenção especial, cotidiana, firme, combativa, libertadora.

Esquecer as Gazas quando acabam os bombardeios e saem das capas dos jornais e das manchetes dos telejornais monopólicos, torna-nos cúmplices da continuidade silenciosa dos genocídios. Gaza, todas as Gazas, são nossas Gazas, delas não podemos parar de falar até a libertação.

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