Florianópolis, 14 de outubro de 2014.
“Pátria sim, colônia não!” Com essa consigna o Povo boliviano recebeu Evo Morales e Álvaro García, quando anunciaram o triunfo rotundo do Movimento ao Socialismo – MAS. Já ontem, no Brasil, ao escutar a palavra de ordem “Te cuida imperialista, a América Latina vai ser toda socialista”, a presidenta Dilma, pediu aos seus seguidores baixarem o tom. A diferença de uma ação com a outra demonstra em si a diferença entre uma visão e outra. O PT e Dilma não escutam, ou não lhes interessa, o clamor por uma definição ideológica clara de governos que se pretendem da Nova Época da América Latina e o Caribe.
Há um elemento estratégico fundamental, muito além das questões táticas e pontuais de uma eleição, que diferencia os governos brasileiro e uruguaio dos governos de cunho progressista regionais; é a estratégia com relação à ingerência estrangeira e ao trato com as oligarquias comunicacionais. Há outro: a convicção socialdemocrata e difusa que têm Dilma e Mujica do que a sociedade progressista reclama.
Na Bolívia o embaixador norte-americano foi expulso; a CIA, a USAID e até a rede de comida lixo McDonald’s foram ‘deportados’ da República Plurinacional. Na Argentina, Cristina Fernández é a principal ativista e aglutinadora na luta pela sustentação e prática da Lei de Meios que reduz o poder dos monopólios da comunicação. No Equador, Rafael Correa mantém uma briga de foice com os monopólios de comunicação e com a petroleira Chevron. Na Venezuela, faleceu o Comandante Chávez mas, em todo discurso de Nicolás Maduro aparecem as palavras anti-imperialismo, anticapitalismo e o enfrentamento com a oligarquia se paga com vítimas.
O crescimento gradativo da democracia direta na Bolívia sustentará o terceiro mandato de Evo. Lá, a ofensiva contra o império é bandeira que não se arria. No Brasil e no Uruguai, a estratégia defensiva e conciliadora de classes pode nos jogar fora do mapa progressista e nos colocar na contramão da história.