Acusado de abuso sexual por sua própria filha, o cineasta americano Woody Allen, 83 anos, encontrou portas fechadas nas principais editoras dos Estados Unidos para publicar um livro de memórias.
A informação foi divulgada pelo jornal The New York Times, que cita executivos de quatro grandes grupos editoriais do país, mas sem citar seus nomes. Eles dizem ter recebido um manuscrito do agente de Woody Allen, John Burnham, no fim do ano passado.
O que antes seria uma guerra de ofertas para publicar o livro do cineasta, no entanto, se transformou em uma recusa coletiva por conta dos escândalos que envolvem o autor de “Manhattan”. Alguns editores, segundo o NYT, sequer leram o manuscrito.
“Woody continua sendo uma figura culturalmente importante, mas os riscos comerciais seriam excessivos”, disse um deles ao jornal. Dylan, filha adotiva de Allen com a atriz Mia Farrow, diz ter sido abusada pelo pai quando tinha sete anos.
Ela veio a público falar sobre o assunto pela primeira vez em 2014, e em dezembro de 2017 questionou o motivo de Allen ter sido poupado após o estouro das acusações do movimento “Me Too”.
O diretor sempre negou o abuso e afirma que, quando a alegação foi feita, há mais de 25 anos, Dylan “passou por investigação na Clínica de Abuso Sexual Infantil do Hospital de Yale-New Haven, onde concluíram que não houve” crime.
Allen alega ainda que Dylan foi treinada por sua mãe para contar essa história, já que ela estava irritada com a separação e com seu relacionamento com Soon-Yi Previn, filha adotiva de Farrow com André Previn.
A escritora Daphne Merkin, amiga de Allen, conhece o manuscrito do livro de memórias e afirmou que ele apresenta o “ponto de vista” do cineasta sobre a acusação. Recentemente, a Amazon cancelou um contrato para financiar quatro filmes do diretor, e diversos artistas, como Greta Gerwig, Ellen Page e Colin Firth, se disseram arrependidos de participar de seus longas.