Fruto da rebelião de 2019, nos dias 15 e 16 de maio a histórica eleição chilena elegeu, além de vereadores e governadores, os membros da Assembleia Constituinte. Com um mecanismo de paridade de gênero único no mundo, foram garantidos 45% de assentos a mulheres e 17 para constituintes indígenas. Após a vitória de independentes e da esquerda, a maioria eleita se declara anti-liberal e com intenção de realizar mudanças estruturais, enquanto a direita terminou sem o direito à veto, que seria obtido com 2/3 dos assentos.
Segunda Florencia, “É uma mudança de Paradigma”. O povo chileno derrota uma elite respaldada pelo Estados Unidos que havia feito do país um laboratório para aplicar as políticas neoliberais. Os partidos mais golpeados foram os da Concertación, coalizão de partidos que se alternavam no poder com a direita e administravam o modelo neoliberal.
Auto-organizados durante as revoltas em assembleias, os chilenos expressam o desejo de participação direta na condução do país. A alta abstenção, analisada Florencia, é em parte consequência de um rechaço à iniciativa de Piñera e da direita, pois o mecanismo foi oferecido pelo governo e a direita que, pressionados pela população, assinaram um acordo que deu origem à possibilidade de plebicito. As reivindicações das mobilizações eram de uma Assembleia Constituinte por sobre todos os poderes do Estado e uma refundação do Chile.
Atualmente, o Chile ainda mantém presos políticos e assassinados e torturados que nunca receberam justiça. Segundo Florencia, está aberta a oportunidade de construir uma verdadeira esquerda: “Acho que a alternativa anti-neoliberal e de esquerda está se constituindo por primeira vez depois do governo de Salvador Allende neste espaço com a Lista del Pueblo (junção de independentes de esquerda) e o Apruebo Dignidad (pacto com o Frente Amplio e o Partido Comunista)”.
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