Por Dinovaldo Gilioli, para Desacato.info.
O viver deve continuar sendo determinado pela lógica de mercado e consumo, onde as pessoas valem mais pelo que têm do que pelo que são? Em tempos neoliberais, de coisificação das relações humanas e de tantas certezas, é profícuo o exercício da dúvida, das ações questionadoras.
Neste sentido, a ação cultural, de caráter transformador, é tão necessária quanto essencial se entendermos que é mais pela via artística que homens e mulheres podem expressar sua integralidade; se é por aí que circula o sangue oxigenador do imaginário, que estimula a criatividade, que fortalece a mente, que anima o coração, que dá mais sentido, alegria e prazer à vida. Se entendermos que é por aí que vão se criando laços de ternura, de amorosidade, amizade, rebeldia, de inquietação e de inconformismo com a realidade.
É nessa dimensão crítica e aberta que podemos vislumbrar uma história diferente, na ótica da inclusão, da emergência de novos sonhos, novas utopias e realizações. Tempos de abraços afetivos, na construção da solidariedade permanente.
Nesse caminho de busca de nossa verdadeira identidade, do desnudamento dos valores dominantes, é possível apontar para a descoberta profunda de nós mesmos, de nossa raiz, de nossa cultura, de nossa condição de nação. Afinal de contas de que serve a arte, senão para alimentar a vida de vida? Senão, para nos encharcar de possibilidades?
É possível ser diferente? Pelo menos, tente.
Dinovaldo Gilioli é poeta, autor do livro Cem Poemas (Editora da UFSC), dentre outros. Contatos: [email protected]
Foto: Nicolas Raymond.