O contraste é espantoso.
De um lado, um grupo sorridente, carregando, com orgulho, a bandeira de seu país natal e a da nação em que vem trabalhar, dando declarações ressaltando a fraternidade entre os povos, realçando a necessidade de ajudar os mais pobres, numa clara mensagem de que é neste mundo ainda há lugar para a esperança.
No outro, um grupo raivoso, exalando ódio, preconceito e xenofobia, expondo, despudoradamente, o que de pior existe no ser humano, revelando uma lógica que se sustenta apenas no discurso mercantilista, no qual a existência é tão somente um pretexto para acumular capital, poder e ostentação.
Dizem os mais sábios que não se pode reduzir a vida numa dicotomia entre o branco e o preto, o bom e o mau, o céu e o inferno, pobres e ricos.
Para eles, há entre os extremos nuances que devem ser igualmente valorizadas.
Duvido, porém, que tais máximas valham para o Brasil de hoje.
O país está cada vez mais próximo de romper com um passado ignominioso – e isso é intolerável para certas pessoas.
Parece que elas sentem que o ponto de ruptura é iminente e, em desespero, começam a soltar todos os demônios que uma fina pele civilizatória cobria.
Perdem a vergonha, perdem a consciência moral, perdem os freios que seguravam seus impulsos mais primitivos.
A luta de classes, tantas vezes dada como extinta, está aí, escancarada.
Aquele prussiano barbudo, queiram ou não, estava certo.
Escolham o seu lado, senhores.
Fonte: Crônicas do Motta.