O presidente do Equador, Rafael Correa, reafirmou, durante a cerimônia de posse para seu terceiro mandato, nesta sexta-feira (24), que “a América Latina não é o quintal de nenhum governo” e ressaltou o novo momento que vive não só o Equador, mas os demais países da América Latina com governos progressistas e que caminham para uma “segunda independência”.
Rafael Correa toma posse para seu terceiro mandato como presidente do Equador
“Quero dizer-lhes, companheiros, que este governo do Equador está comprometido primeiramente com seu povo, mas também com os demais povos da América Latina. Contem com o governo do Equador porque já não somos o quintal de ninguém”, advertiu o mandatário diante das mais de 90 delegações internacionais que foram a Quito acompanhar a cerimônia.
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Correa assumiu o mandato para o período 2013-2017, com a presença de dez chefes de Estado. Participaram da posse de Correa, entre eles, os presidentes do Haiti, Michel Martelly; da Bolívia, Evo Morales; da Costa Rica, Laura Chinchilla; do Chile, Sebastián Piñera, da Venezuela, Nicolás Maduro; da Colômbia, Juan Manuel Santos e o príncipe de Asturias, Felipe Borbón, que representou a Espanha.
Conquistas econômicas
“Não pode haver liberdade sem justiça (…) só buscando a justiça conseguiremos a verdadeira liberdade e a consequência lógica deste processo [Revolução Cidadã] é a estabilidade política de nosso país”, afirmou.
Economista e com ampla aprovação — o mandatário foi reeleito com 57% dos votos — Correa ressaltou as conquistas de seu governo: “o principal indicador de sucesso não é crescimento econômico, mas sim a redução da pobreza e, sobretudo, da pobreza extrema”, declarou. E destacou que o país está agora entre os três menos desiguais da América Latina, de acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) da região, junto a Venezuela e Uruguai. O Equador também melhorou seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), sendo um dos quatro países que mais subiu posições, conquistando desde 2007 dez posições no ranking mundial de 186 países.
“Sabemos que não há índices perfeitos e acredito que temos muito que alcançar”, declarou. Lembrou também que, entre 2007 e 2012, um milhão de equatorianos deixaram a linha da pobreza extrema, diminuindo a parcela da população nestas condições de 16,2% para 11,2%.
Traduzindo em números as conquistas econômicas, Rafael Correa destacou que a média de crescimento do país foi de 4,2%, com baixa taxa de desemprego, em torno de 4,1%. E explicou que o “sucesso” econômico do Equador se justifica pela modernização da máquina estatal, com um sistema transparente de licitações e ainda pelo direcionamento e uso das reservas financeiras do país em benefício dos próprios equatorianos.
Antes do discurso de Correa, a presidenta da casa Legislativa, Gabriela Rivadeneira discursou quase uma hora, atribuindo a Correa as mudanças que o país vive nos últimos anos: “Com Rafael Correa, demostramos que é possível inclusive mudar o destino… Agora todos os setores sociais e econômicos têm a possibilidade de mudança, agora a população indígena e pobre, aqueles que eram invisíveis, são os mimados dessa revolução cidadã”, disse Rivadeneira.
União latino-americana
“É proibido esquecer, compatriotas e amigos internacionais que aqui estão, nossas lutas e de nossos povos irmãos. As Malvinas não são argentinas, são latino-americanas (…) o bloqueio a Cuba por parte dos Estados Unidos desrespeita descaradamente a carta fundadora da Organização dos Estados Americanos (OEA)”, acrescentou o mandatário ao evidenciar a importância da integração continental.
Correa aproveitou a presença das delegações internacionais para reprovar o fato de a sede da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) “se encontrar em um país [Estados Unidos] que não é parte do Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH). Isso tem que mudar”, ressaltou.
O equatoriano pediu união na defesa da pátria grande da América Latina. “E fazê-lo como parte de um legado que deixaram os ex-presidentes Néstor Kirchner e o Líder da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez. (…) Entendamos e defendamos nossos Estados de Direito. Esse é o legado que nos deixaram nossos companheiros. Não puderam, nem poderão com nossa integridade. Não puderam com Kirchner, nem com Chávez e não poderão contra nós”.
Ele observou ainda que as novas repúblicas da América do Sul nasceram “em uma grande mentira” porque alcançaram uma independência que não livrou da pobreza nem da opressão as mulheres, os indígenas e os afrodescendentes.
O mandatário explicou que grupos das elites que ostentavam o poder atentaram “contra as conquistas que obtivemos no governo nos acusando de ser um governo que quis romper com a paz no Equador, e em outros países polarizando as pessoas, mas vou lembrar que a paz não é apenas a ausência da guerra, não nos esqueçamos disso companheiros. Com este processo, nós priorizamos o povo sobre capital”.
E encerrou: “a espada de Bolívar permanece desembainhada até que a pobreza seja borrada da Pátria Grande”.
Da Redação do Vermelho,
com agências