Prefeitura, universidade e moradores não se entendem na polêmica sobre o trânsito na UFSC
No último 13 de março, os membros do Conselho Universitário (CUN) da UFSC votaram contra a cessão de 18 mil metros quadrados de área da universidade para a duplicação da rua Deputado Antônio Edu Vieira, no Pantanal, proposta pela Prefeitura Municipal de Florianópolis (PMF). O projeto, analisado por uma comissão especializada desde setembro de 2010, foi considerado incompleto em vários aspectos. Além disso, o veto é uma forma de apoio aos moradores da região, que seriam os mais prejudicados com a obra. A discussão, porém, teve início há mais de dez anos com o projeto de lei nº 088/2001, durante o mandato da prefeita Angela Amin (PP). A primeira proposta, elaborada pela empresa Prosul em 2003, foi reduzida devido aos custos elevados. A reforma agora deve ser feita em apenas um trecho, mas ainda depende de consenso entre as partes, o que está longe de existir. De um lado, a prefeitura alega que é uma forma de reduzir o trânsito da cidade em um de seus pontos mais críticos. A obra é também necessária para a implementação do sistema de transporte coletivo BRT (Bus Rapid Transit, trânsito rápido de ônibus), similar ao já existente em Curitiba. A UFSC contesta. De acordo com o professor João Fagundes, presidente da comissão, “a duplicação vai minimizar, e não resolver o problema do tráfego. Sua validade se esvairá em cinco anos.” Quanto ao BRT, não há nenhuma menção no projeto apresentado. Para os membros do conselho, há mais lacunas em outras questões, como em um estudo ambiental e em um estudo de ?uxos. Os moradores, representados pelo Conselho Comunitário do Pantanal (CCPAN), apresentam críticas parecidas e acrescentam que as alterações propostas em alguns pontos do projeto não estão sendo levadas em conta. “A impressão que passa é que tudo isso está sendo feito às pressas.” Já segundo o vice-prefeito e secretário de transportes, João Batista Nunes, pré-candidato a prefeito pelo PSDB, a PMF sempre esteve aberta à discussão. Com a ufsc, por exemplo, “já tentamos fazer uma apresentação para os membros da comissão e do CUN, sem sucesso”. Ironizando o que é dito pela maioria dos representantes
Por dia, 22 mil carros passam pela principal rua do Pantanal, o que complica o tráfego na região
Da universidade e dos moradores, que a instituição incentiva o debate, João Batista tenta provar. “Vamos tentar ligar agora para o reitor (Alvaro) Toubes Prata”. Ele disca o número, mas a ligação cai na caixa postal. Albertina da Silva de Souza, presidente do CCPAN, sabe como é a sensação de não ser atendida. “A universidade também não estabeleceu um diálogo com a comunidade em vários momentos, como ao fazer o primeiro relatório.” O vice-prefeito a?rma que “a comunidade participou em 2001, quando foi feito o projeto de lei”, mas desde então a comunicação vem diminuindo. O professor Fagundes tem a mesma opinião. “Esse projeto foi apresentado à UFSC em 2010, a Lei é de nove anos antes e só aos 45 do segundo tempo as pessoas quiseram opinar”. As opiniões são divergentes até no mesmo lado. A maioria dos moradores é contrária porque a duplicação traria mais carros para o Pantanal e arredores. “Não é uma solução para o problema de mobilidade de Florianópolis”, acredita Souza, da CCPAN. O engenheiro civil Robson Sebastiany, responsável pelo projeto elaborado pela Prosul, admite que a obra não é de?nitiva. “É uma medida de curto prazo que deve ser aliada a outras mais e?cazes – e mais difíceis de serem realizadas.” De acordo com Sebastiany, o trânsito tende a diminuir com a duplicação.
Fonte: Jornal Zero.