O governador João Doria (PSDB) pretende fechar o pronto-socorro dos hospitais da Vila Alpina e do Itaim Paulista, localizados na Zona Leste de São Paulo, e outros dois na Zona Sul — os hospitais do Grajaú e de Pedreira. A medida prevê 90 dias, a contar de 1º de fevereiro, para que os hospitais e as comunidades se reorganizem.
Indignados com a atitude do governo, movimentos sociais e sindicatos vão realizar neste sábado (26), às 09h30, um ato em frente ao Hospital Vila Alpina, em defesa do funcionamento do pronto-socorro e para que o atendimento seja feito para todos, em qualquer horário, não apenas em caso de transferência.
A decisão, de acordo com a secretaria estadual da Saúde, tem o intuito de evitar que casos menos graves prejudiquem atendimentos de maior complexidade. Porém, os conselhos estadual e municipal de saúde denunciam que o fechamento não foi debatido com a sociedade civil organizada, conforme relatam à Rádio Brasil Atual. De acordo com eles, o encerramento dos prontos-socorros não foi, em nenhum momento, comunicado.
Para Alexandre Bonfim, da coordenação municipal da Central de Movimentos Populares (CMP), e morador na região da Vila Prudente, o ato é também uma forma de chamar as autoridades para dialogar com os movimentos sociais e com a população.
“São Paulo está vivendo um caos e, para piorar, o governo Doria anunciou que quatro hospitais vão fechar as portas do pronto-socorro. Como vão fazer isso sem uma consulta popular, sem dizer onde as pessoas serão atendidas? Vamos reivindicar o diálogo do governo com o povo do bairro”, disse à Rádio Brasil Atual.
População desassistida
Ivaneide de Carvalho, do Movimento Popular de Saúde de Sapopemba, comenta que, infelizmente, muitos moradores têm concordado com o fechamento dos pronto atendimentos por influência de servidores que justificam fechar os hospitais para conter aglomerações.
De acordo com Ivaneide, se fechar os pronto atendimentos, aí sim, as aglomerações serão frequentes, uma vez que essas regiões só possuem Assistência Médica Ambulatorial (AMA) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA), que não atendem 24 horas, nem nos finais de semana. “As pessoas não entendem o motivo do pronto-socorro não poder fechar. Haverá mais aglomeração se fechar o atendimento, porque serão quatro hospitais sem o serviço”, criticou.
Maria Macedo, do Movimento Popular de Saúde de Vila Prudente, que também faz parte da organização do ato, comenta que o hospital da Vila Alpina é o único que atende emergência.
Segundo Maria Macedo, a construção deste hospital é histórica, pois, foi por meio de muita luta dos movimentos sociais que a obra foi concretizada. Segundo ela, as autoridades não podem deixar a população que depende do hospital desamparada.
“Esse hospital é histórico, resultado de uma luta de décadas. Ele não atende só o bairro da Vila Prudente, mas os bairros vizinhos também. A população da região ficará desassistida e a AMA não tem estrutura para fazer esse tipo de atendimento”, alertou.