Por Carolina Goetten.
Em Curitiba, uma das grandes lideranças da economia solidária é dona Lourdes Marchi. Com 73 anos de idade e uma excelente memória, ela se lembra de todas as datas marcantes de sua vida. E também preserva o significado da economia solidária: para ela, os clubes de trocas são uma forma de resistir à ditadura do dinheiro. Nesses clubes e feiras, cada um leva o que tem ou o que produz para vender ou trocar por outros itens.
Ela define a sociedade capitalista como um modelo que se opõe à solidariedade. “A economia solidária parte do povo. A economia capitalista é do patrão, que manda em tudo, vai pegando tudo para si, e o povo fica a ver navios”. Foi na Colômbia que ela viveu a primeira experiência com as trocas. “Fizemos assim: aquilo que a gente tinha, fomos trocando uns com os outros. Sem moeda, sem nada”. Em Curitiba, atualmente, há cinco desses clubes de troca em plena atividade.
Lar de memórias
Na casa de dona Lourdes, as prateleiras conservam os artesanatos e as lembranças que ela reuniu em sua caminhada ao lado da economia solidária. Há flores de tecido, pássaros esculpidos a mão, pequenas esculturas cristãs. Até mesmo as contas de água, luz e telefone são guardadas dentro de artesanatos reciclados. Com tecidos, tesouras e e criatividade, caixas de leite se tornam objetos decorativos e garantem renda a famílias carentes.
Dona Lourdes já viajou por todo o Brasil levando a bandeira de uma economia mais justa, que alcance e proteja o povo. Hoje, aposentada, continua acompanhando os movimentos solidários, mas se preocupa com as dificuldades colocadas pelo governo de Michel Temer. “Essas reformas vão agravar a crise e o desemprego. Esse presidente tirou todas as políticas da economia solidária. Eu fico muito triste em ver isso tudo que está acontecendo”, lamenta.
Para ficar por dentro
Em Curitiba, A Feira Permanente de Economia Popular Solidária acontece das às quartas e sábado, às 8h às 17h, ao lado do terminal do Portão.