A Nenê de Vila Matilde completa 70 anos em 2019. E como presente, o documentário “Na Vila e No Samba – O Orgulho de Ser Nenê” conta a história da agremiação com imagens inéditas de seu fundador e de outros integrantes da escola. Com duração de 21 minutos, o curta-metragem foi gravado em 2006 como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Jornalismo da PUC-SP pelas estudantes Elaine Cruz e Raquel De Martin, que hoje atuam em grandes agências de comunicação do país.
O filme mostra os bastidores de um desfile de carnaval sob o ponto de vista de quatro integrantes: Seo Nenê, fundador que deu nome à Agremiação, o então presidente da Escola Betinho, a porta-bandeira Rúbia Maravilha, e o diretor de Projetos Ricardo Zanotta. A intenção do curta era apresentar o que a televisão não transmite, como o suor e o amor daqueles que vivem e preparam durante o ano todo um espetáculo que se materializa em 65 minutos.
“Queríamos transmitir a alegria que este espetáculo desperta nos espectadores e participantes, além da característica fundamental da Nenê de Vila Matilde: uma Escola de Samba de comunidade”, declara Elaine Cruz, uma das diretoras do curta. “Como as experiências da dupla com relação ao tema eram bem diferentes, conseguimos um resultado que pode ser apreciado tanto por amantes do samba como por novatos no assunto”, completa Raquel De Martin, também diretora do filme. Em 2007, o documentário foi exibido na TV Cultura e participou do Festival Internacional de Itu (Cinema Mundo).
Herdeiro do nome
O neto do Seo Nenê ficou muito emocionado ao ver o documentário com o avô e o pai. “Posso falar por mim e por toda a comunidade matildense que as imagens provocaram uma saudade muito grande. Eles deixaram um legado e, apesar de gravado há tanto tempo, a fala deles continua muito atual”, pontua Alberto Alves da Silva Neto. “Meu pai, principalmente, contou coisas particulares da nossa família que eu pensava que ele guardaria para sempre. Talvez ao dar depoimento naquela época ele não tivesse ideia da dimensão que tomaria.”
O herdeiro do nome também comentou sobre o momento atual da Nenê de Vila Matilde, que desfila no Grupo de Acesso. “A Escola de Samba está numa situação muito difícil desde que a nova gestão assumiu, há quase 10 anos. Eu, como componente, quero a nossa ‘águia’ em primeiro lugar, saudável. O sentimento de todos é para que a escola não passe mais vergonha e torcemos para que ela volte a brilhar com antigamente”. Em 2019, a Nenê de Vila Matilde vai desfilar pelo Grupo de Acesso à meia-noite de domingo (04/03).
A escolha da escola de samba
A opção pela Nenê de Vila Matilde se deu pelo fato de a agremiação ter muita tradição e destaque no cenário nacional. Na época com 58 anos de fundação, mantinha os valores que deram origem ao samba paulistano como, por exemplo, possuir a maior comunidade negra dentre as Escolas de Samba de São Paulo.
Em 2006, a Nenê de Vila Matilde era uma das únicas Escolas de Samba que ainda tinham seu fundador vivo, o Seo Nenê, que pôde contar com detalhes como surgiu o carnaval em São Paulo, seu crescimento e evolução. Seo Nenê faleceu em outubro de 2010, aos 89 anos, e seu filho, Betinho, faleceu em setembro de 2014.
A Nenê também é a única Escola de São Paulo que já desfilou na Marquês de Sapucaí, palco do samba carioca, em 1985. O evento se deu por conta da comemoração do cinquentenário do carnaval do Rio, quando a Escola paulistana campeã foi convidada a desfilar na capital carioca. Além disso, foi a Nenê que introduziu no carnaval paulistano a quadra fechada, importante inovação para a realização de ensaios e eventos.