Documentário retrata a tradição dos engenhos de farinha em Bombinhas

O filme Vidas de Engenho contribui para a salvaguarda de um importante traço da identidade cultural da região e já está disponível para ser assistido

Foto: Alvaro Dante Fiore.

Por Thiago Cassaniga Furtado.

Até algumas décadas atrás, a cidade de Bombinhas contava com uma quantidade significativa de engenhos dedicados à produção de farinha de mandioca. Atualmente, não mais que meia dúzia desses engenhos segue em funcionamento e ajudam a manter uma tradição importante na formação da identidade sociocultural da região. É sobre a atividade destes espaços que trata o documentário Vidas de Engenho, produzido a partir de iniciativa do Instituto Boimamão em parceria com a Tramela Produções, e que já está disponível para ser assistido no canal do Engenho do Sertão no YouTube.

Em todo o litoral catarinense, a farinha de mandioca foi herdada dos povos originários pelos colonizadores e incorporada à sua dieta. Em Bombinhas, comunidade de origens baseadas na agricultura e na pesca por subsistência, o cultivo da planta e a produção da farinha tiveram, portanto, papel fundamental na base da alimentação das famílias e também na construção de um conceito de comunidade, que tradicionalmente se reunia em grandes grupos para a realização das farinhadas.

O filme Vidas de Engenho, com aproximadamente trinta minutos de duração, é um importante registro audiovisual dos engenhos ainda atuantes na cidade de Bombinhas e visa contribuir para a salvaguarda da memória afetiva, emocional, histórica e cultural desses espaços, das famílias tradicionais e deste patrimônio imaterial. O documentário exalta um aspecto basilar na formação cultural do litoral catarinense, que é perpetuado por grupos familiares que resistem e insistem em seguir exercendo estes saberes e se projeta para o futuro, uma vez que os conhecimentos que se desenvolvem em torno da atividade continuam sendo transmitidos através das gerações.

A diretora do filme, Aline Lúcia Vieira, comenta a relevância do projeto. “Este é um trabalho que coloca a comunidade para se enxergar através de um produto artístico, dada a importância e a valorização de todos os saberes e práticas envolvidas nessa atividade. Acredito que a importância desse filme vai além de salvaguardar um patrimônio de Bombinhas, porque registra uma atividade ligada à cultura popular e também que tem influência direta dos povos originários”, salienta.

Aline também destaca a sensibilidade dos engenhos, das práticas que se desenvolvem neles e o papel fundamental da comunidade para sua manutenção. “Este é um patrimônio muito sensível e vulnerável. Ele só está em pé por uma questão cultural mesmo, porque as famílias querem manter a sua cultura, querem seguir fazendo farinha, desejam manter a tradição. Não é mais uma questão de subsistência, mas de querer que aquele alimento siga fazendo parte da sua vida. Então precisa ter uma resistência muito grande para eles se manterem. Os engenhos de farinha hoje são espaços de resistência e de memória viva”, finaliza.

Foto: Alvaro Dante Fiore.

Exibição exclusiva para a comunidade tradicional

No último dia 11 (domingo), em noite emocionante, o documentário foi exibido com exclusividade para a comunidade tradicional envolvida com a atividade dos engenhos de farinha. Membros das famílias que mantêm esta manifestação cultural viva e que participaram do filme puderam assisti-lo em exibição realizada no Engenho do Sertão, sede do Instituto Boimamão, em ação proposta pela produção do projeto para retribuir a dedicação dessas pessoas na preservação da tradição dos engenhos.

O documentário Vidas de Engenho é uma realização do Instituto Boimamão, com produção assinada pela Tramela Produções e coprodução da Tiqsi Filmes, com patrocínio da Prefeitura de Bombinhas, através da Fundação Municipal de Cultura via Edital Mestre Cantalício Rocha – Edição 2021.

Assista ao filme completo no YouTube:

 

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Roteiro: Aline Lúcia Vieira e Santiago José Asef;

Direção: Aline Lúcia Vieira;

Produção: Tramela Produções;

Coprodução: Tiqsi Filmes;

Fotografia e Som: Vlademir Cardoso e Santiago José Asef;

Foto Still e Making-of: Alvaro Dante Fiore;

Trilha Sonora: João Sobral e Aline Vieira;

Montagem e Finalização: Santiago José Asef;

Realização: Instituto Boimamão Preservação e Fomento da Cultura;

Patrocínio: Fundação Municipal de Cultura de Bombinhas / Edital Mestre Cantalício Rocha – Edição 2021.

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