Durante a pesca da tainha, entre maio e julho, prática do esporte é restrita
A proibição do surfe na maioria das praias de Florianópolis entre maio e julho é o assunto do documentário A tainha e a onda, de Carlos Portella, que estreia quinta-feira, dia 17 de setembro, às 20 horas, na sala de cinema do Centro Integrado de Cultura, em Florianópolis. A restrição foi estabelecida pela lei municipal 4601, em 1995, que determina: Fica proibida a prática de surf em todos os balneários da Ilha de Santa Catarina, exceto na Praia Mole e Joaquina, de 1° de maio a 15 de julho, período de pesca da Tainha. O conflito entre surfistas e pescadores já chegou a extremos, com agressões mútuas e tiros.
Com 52 minutos de duração, o documentário está focado na questão do confronto, mas vai além, falando da própria colonização de Florianópolis, da tradição da pesca da tainha e do início da prática do surfe, na década de 1970, principalmente com a chegada de cariocas e gaúchos em busca de boas ondas. O impasse se intensificou nos anos 1980, com o aumento significativo da prática do esporte. O filme A tainha e a onda ouve pescadores, surfistas, presidentes de entidades ligadas ao setor, fabricantes de prancha, oceanógrafo, delegado de polícia e antropólogo, estabelecendo um debate sobre o tema.
Alguns dos entrevistados são Thiago Carriço, promotor de justiça envolvido na proposta de lei pela liberação do surfe; Paulo Schwingel, biólogo da Universidade do Vale do Itajaí; Roberto Lima e Fernando Moniz, representantes da primeira geração de surfistas do estado, que enfrentaram o início do choque entre as duas culturas; Getúlio Manoel Inácio, patrão de rede de pesca e líder comunitário na Praia do Campeche, entre outros.
Carlos Portella, que também é surfista, decidiu investigar o tema depois de uma temporada na Austrália, quando percebeu que lá, durante a pesca da tainha, pescadores e surfistas convivem pacificamente. Em Florianópolis, os surfistas reclamam que a lei é inconstitucional e ameaçam entrar com uma ação. Mas, paralelamente, tentam negociar. Querem que além das praias Mole e Joaquina, seja permitido o surf também em outros balneários durante a temporada da pesca da tainha.
É importante destacar que ao longo de quase cinco décadas de surfe, alguns pescadores viraram surfistas, ou têm filhos surfistas e há momentos de trégua. “Em algumas praias, quando o mar está grande, impróprio para a pesca, os surfistas estão liberados para surfar, mas quando está pequeno, eles são bem-vindos a puxar a rede e levar uma tainha pra casa”, diz Portella. Mas nem sempre é assim. Segundo o diretor, o filme foi rodado com o propósito de respeitar as duas culturas, tanto da pesca, como do surf, e o objetivo é ampliar o tema para o grande público.
As músicas utilizadas são de bandas e músicos de Florianópolis. Entre elas, Tijuquera, Dazaranha, Nilera, Moriel Costa e Gente da Terra. O filme foi patrocinado via leis federal e municipal de cultura pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e será distribuído pela internet e para escolas, bibliotecas e associações de bairros da cidade incentivando o esporte, a aventura e o amor à cultura. Está prevista ainda outra sessão no cinema do CIC, no dia 19, também às 20h, sempre com entrada gratuita.
FICHA TÉCNICA
Direção: Carlos Portella
Roteiro: Alan Langdon e Carlos Portella
Direção de Produção: Gilca Silveira
Assistência de câmera: Marlon Klein
Direção de Fotografia: Felipe Sterling
Montagem e Finalização: Alan Langdon
Edição de áudio: Studio Fides
Duração: 52min.
Fonte: Assessoria de Imprensa