Por Dinovaldo Gilioli.
Parece que foi ontem, 2019 está acabando. O que tem a ver o tempo com a vida? É uma indagação que inquieta. Geralmente relacionamos essa passagem com os cabelos brancos e marcas outras pelo corpo. Será que o tempo se resume nisto, em contar ou maquiar números?
Falo aqui do espaço conquistado para a contemplação da vida humana, dos demais seres e da natureza. Falo do tempo utilizado para o lazer, para namorar, para caminhar feito andante em descobertas.
Falo do tempo que não limita a vida ao trabalho. Do tempo que nos faz mais inteiros, mais íntegros com os da nossa espécie. Do tempo que nos possibilita encharcar sonhos e projetar dignidade.
Parece ser este o grande desafio, não se importar tanto com a quantidade de tempo que já se passou e sim com a qualidade do tempo que já se viveu e poderá se viver. Simples, assim? Não, complexo!
Se analisarmos bem, descobriremos que não somos donos do tempo. Há, pelo modo de produção vigente, uma imposição explícita ou velada na maneira de determinar a nossa vida.
O que fazer para mudar? Nada, as coisas estão dadas! Com essa lógica, repetida por diversos meios, querem nos incutir que não há saída do modelo em que estamos inseridos. Será?
Neste natal e no ano que se desponta faça diferente: dê um abraço apertado no seu vizinho ao lado, dê um presente inteligente que vai deixar o ser mais aguçado, dê um sorriso feito esguicho deslumbrado, dê um aperto de mão que vai animar seu irmão.
Neste natal e no outro ano seja honesto suficiente para aumentar sua porção de gente, seja capaz de ser solidário e aumente seu saldo hilário, seja tão criança quanto a esperança.
Que venham o natal e o novo ano, por aí vamos fuçando!
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Dinovaldo Gilioli é escritor e poeta