Ditadura: prefeitura homenagéia golpista Golbery

Por Felipe Prestes.

Sul 21

Prefeito Fabio Branco e major lançam homenagem a Golbery

No último dia 21, Golbery do Couto e Silva completaria 100 anos. No dia de seu centenário, a prefeitura de Rio Grande lançou a pedra fundamental de uma placa de bronze em homenagem ao militar, nascido na cidade, na Praça Tamandaré. “Ele entendia a importância de Rio Grande estrategicamente para o Conesul”, justifica o idealizador da homenagem.

No currículo de Golbery, estão uma tentativa de golpe frustrada para impedir a posse do presidente eleito Juscelino Kubitschek, em 1955, e a redação do manifesto em que os três ministros militares “vetaram” a posse de João Goulart quando da renúncia de Jânio Quadros, em 1961. Em seguida, presidiu o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES), artífice ideológico do golpe militar, e participou diretamente dos governos militares.

A placa foi doada à prefeitura por Ronald Levinsohn, ex-banqueiro, atualmente dono do centro universitário UniverCidade, no Rio de Janeiro. Levinsohn é nascido em Rio Grande, como Golbery. Caberá à prefeitura erguer uma estrutura de concreto para sustentar a placa, que custará R$ 15 mil e será licitada.

O lançamento da pedra fundamental contou com a presença do prefeito Fábio Branco, que é do partido que fazia oposição ao governo militar, o PMDB, e de vários militares da cidade. Para Branco, segundo o site da prefeitura, “é uma honra para o município fazer esta homenagem a um rio-grandino que muitos serviços prestou à nossa terra”. O prefeito e o major Aldenir Andrade, do 6º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), colocaram, no local onde será erguida a placa, uma cópia da lei que instituiu o monumento e uma biografia do homenageado.

“Ele entendia a importância de Rio Grande para o Conesul”

O idealizador da homenagem foi Edes Cunha, que ocupa o cargo de oficial de gabinete do prefeito. Cunha – que foi da Arena e do PDS, e hoje não está filiado a nenhum partido – diz que Golbery foi a “mola mestra” do período militar, mas ressalta que o general “foi um dos responsáveis pela distensão”. “Golbery trabalhou contra a linha dura. Ele entendia que os militares tinham que voltar para a caserna”, afirma Cunha.

Ele destaca a importância de Golbery para a cidade de Rio Grande durante os governos militares. De acordo com Cunha, foi o general quem conseguiu uma estação de tratamento que “emancipou Rio Grande no abastecimento de água”, viabilizou a federalização da Fundação Universidade de Rio Grande (Furg) e transferiu o 5º Distrito Naval de Florianópolis para o município em que nasceu. “Ele entendia a importância de Rio Grande estrategicamente para o Conesul. Dizia que era a vesícula dos mares”, lembra Edes Cunha, que minimiza o fato de o prefeito ser do partido que, na época da ditadura, fazia oposição ao governo militar. “O prefeito nem era nascido, não tem nem conhecimento desta história”.

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