Por Tiago Fassoni, no Blog Capuccino Works
São Paulo é uma metrópole gigantesca, cheia de problemas e com um problema atroz de transporte: os empregos se concentram no centro, mas as moradias são nas periferias. Não dá para trazer mais gente para morar para o centro porque o centro não tem mais espaço e as moradias são caras. E aparentemente não dá para construir mais nada no centro porque falta espaço.
Mas e se tirarmos espaço dos carros? Vamos aproveitar que a Prefeitura de São Paulo abriu os dados da base da base do IPTU
Pela Wikipédia: “Zona Central de São Paulo (ou simplesmente Centro de São Paulo) à região administrada pela Subprefeitura da Sé, que engloba os distritos da Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade, República, Sé e Santa Cecília.” Ou seja, esta área:
Com um pouco de magia de Python, chegamos ao espaço total ocupado com garagens: 2,2 km². Vamos ver esse espaço comparado a alguma coisa:
Em torno de 10% da área de apartamentos é ocupada para garagens. Parece ok. Mas isso não dá muita dimensão da área que as garagens ocupam. Há mais na vida humana que apenas casas e carros. Temos os escritórios para trabalhar, os bares para as pessoas se caírem de beber depois do trabalho árduo, clubes, parques, escolas, hospitais… todas essas coisas que nos transformam em humanos e não em meros autômatos.
Então, vamos comparar a área de garagens no centro com alguma outra coisa. Ajuda se forem com coisas não muito úteis para a vida humana:
Mas espera aí… essas barras têm uma configuração meio estranha… E se a gente empilhar as barras que não são garagens?
As garagens no centro ocupam 2,197 km² de área, enquanto o resto somado dá 2,191 km².
Bom, essa análise parece algo absurdo e irreal. Afinal, as garagens estão aí porque não há alternativas, certo? Não há transporte público de qualidade e em quantidade suficiente para conseguir mover o centro, e por isso precisamos de carros, correto?
Bom, se a gente pegar cada estação de trem e metrô no centro e criar um círculo de 1km ao redor (que é o agradável de caminhar para todas as idades, há todo um estudo de arquitetura em cima disso), temos o seguinte mapa:
Ou seja, uma região cheia de distâncias caminháveis, onde o transporte público conseguiria suprir a demanda, nós conseguimos transformar num pesadelo motorizado. Parabéns para nós.
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Fonte: Outras Palavras.