Por Orlando Balbás, de Cumaná, Venezuela, para Desacato.info
Em 2002, no golpe de Estado ao então Presidente Hugo Chávez, as primeiras medidas foram a destituição de todos os altos funcionários, dissolução dos poderes públicos e a perseguição aos partidários do governo do Comandante Chávez.
Os que perderam o poder nas eleições de 1998, nunca aceitaram o advento de um governo soberano, dirigido por um militar patriota, bolivariano. Era de se esperar uma resposta violenta, que certamente, teve o aval da embaixada dos Estados Unidos.
Pode-se deduzir como lógico que os que tinham perdido o controle da receita petroleira, depois de muitos anos usufruindo-a, reagissem de alguma maneira para voltar a controlá-la, mas, o que muita gente desavisada não levou em consideração, era o confronto de dois modelos de sociedade que não teria pausa nem descanso. Foram 16 anos de conspirações e guerra midiática nacional e internacional.
O método da violência nunca permitiu que os opositores tivessem possibilidade de aceder ao poder. A estratégia foi mudada e nos últimos três anos, devida à crise econômica, a paralise das indústrias do Estado e a guerra econômica induzida pela empresa privada que produziu inflação, desabastecimento e, por efeito, as grandes filas para adquirir os produtos de consumo, cresceu um grande descontentamento na população, conseguindo virar o quadro eleitoral e, em 6 de dezembro de 2015, foram derrotadas as propostas bolivarianas e triunfaram as forças da direita.
Que vem agora?
Indiscutivelmente, o que não conseguiu a oposição por via do golpe de Estado e a sabotagem petroleira em 2002 e 2003, o vai tratar de obter utilizando a Constituição Nacional, ativando o referendo revogatório ou outra modalidade estabelecida na Carta Magna.
Enquanto se organiza esse processo de consulta popular, as filas permanecerão, a inflação será mais alta e a escassez incidirá na psicologia popular para favorecer a campanha contra o governo e destituir o Presidente Nicolás Maduro.
A dissolução dos poderes é um objetivo que tem a direita venezuelana se conseguem seu cometido. O que não conseguiram durante o golpe de Estado, agora o colocarão em prática se tomam a Presidência, dissolverão os poderes públicos, eliminarão o nome de República Bolivariana da Venezuela, perseguirão, submeterão aos dirigentes e militantes chavistas, entre outras medidas.
Versão em português, Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva –Traduções, para Desacato.info