Três das quatro principais correntes separatistas da Irlanda do Norte revelaram nesta quinta-feira (26/07) que estão prestes a se reunir e reinaugurar o grupo nacionalista armado IRA (Exército Republicano Irlandês, na sigla em inglês).
Em um comunicado obtido pelo jornal britânico The Guardian, a nova organização alegou que conseguiu formar “uma estrutura unificada sob uma única liderança” e que, agora, só será “subserviente à constituição do Exército Republicano Irlandês”. Real IRA, Ação Republicana contra as Drogas e uma coalizão de grupos armados independentes estariam agora unidos, deixando isolado o Continuidade IRA.
Segundo fontes republicanas, os novos batalhões paramilitares contam com a filiação de centenas de dissidentes armados de correntes separatistas já dissolvidas, como o IRA Provisório. O comunicado também menciona o apoio do que chama de “republicanos não conformistas”, isto é, pequenos grupos independentes da capital Belfast e de regiões rurais. Parte desse contingente estaria vinculado à recente campanha de exílios forçados e tiroteios contra moradores da cidade de Derry, acusados por eles próprios de tráfico de drogas.
Com a união, Ação Republicana contra as Drogas e IRA Real deixarão de existir formalmente. Dentro da nova organização, propuseram intensificar ataques contra forças de segurança e quaisquer outros alvos que consideram “relacionados à símbolos da presenca britânica”. Outra fonte próxima de lideranças republicanas disse ao Guardian que esses alvos incluem postos policiais, a sede do Ulster Bank e instalações da edição deste ano do festival artístico City of Culture, que ocorrerá em Derry. Para os membros do novo IRA, todas essas instituições representariam tentativas de “normalizar o jugo britânico”.
Referindo-se à ruptura entre republicanos mais radicais e a corrente Sinn Féin, que optou por canais politicos de reivindicação separatista, o novo IRA reconhece que “nos últimos anos, a formação de uma Irlanda livre e independente sofreu revezes por conta de falhas das lideranças nacionalistas irlandesas e de fraturas dentro do republicanismo”. Forças dissidentes do movimento republicano da Irlanda do Norte não anunciavam alianças desde que o Acordo de Belfast determinou em 1998 o fim das atividades de grupos paramilitares no país e a libertação de seus militantes nacionalistas presos.
Em uma crítica direta à presença do separatista Sinn Féin na coalizão de governo dos unionistas (segmento politico favorável à manutenção dos vínculos da Irlanda do Norte com o Reino Unido), os dissidentes alegaram que “o que foi vendido aos irlandeses foi uma paz mentirosa”, que sujeita republicanos não conformistas “a assédios, prisões e violências da Coroa Britânica”. O principal argumento da nova aliança separatista em seu comunicado é o de que “é o Reino Unido, e não o IRA, que optou por provocação e conflito”.
Republicanos confirmaram que, entre os militantes do novo IRA, estão os responsáveis pelo assassinato do policial católico Ronan Kerr, em abril de 2011, e pela explosão do veículo do também católico guarda Peadar Heffron, em janeiro de 2010. Nos últimos meses, o principal foco de tensão é a cidade de Derry, onde republicanos obrigam o exílio de jovens católicos que acusam de tráfico de drogas.
Fonte: http://operamundi.uol.com.br/
Imagem divulgada à imprensa pela corrente Continuidade IRA em 2006.