Disputa interna no TRE-PR pode impactar julgamento de Sérgio Moro

A tradição até a última eleição no TRE-PR indicava que apenas o Desembargador mais votado no TJPR se candidatasse à Presidência, mas isso está longe de ser garantido, com vários nomes em jogo nesse pleito vindouro.

Foto: Lula Marques

No Blog do Esmael. 

No cenário político e jurídico do Paraná, os bastidores fervem com a disputa pela sucessão no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), um evento que pode lançar sombras sobre o aguardado depoimento do senador Sérgio Moro (União-PR), previsto para o próximo dia 16 de novembro.

A sucessão no TRE-PR envolve intrigas, alianças e estratégias que não apenas moldarão a liderança da corte, mas também podem influenciar o destino do ex-ministro da Justiça.

A eleição para os cargos de Presidente e Corregedor Eleitoral do TRE-PR está marcada para o dia 13 de novembro de 2023, em uma sessão virtual do Tribunal Pleno do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), onde votarão todos os 130 Desembargadores.

Ou seja, o TRE-PR trocará a guarda três dias antes do depoimento de Sérgio Moro no processo de cassação movido pelo Partido Liberal (PL) e pelo Partido dos Trabalhadores (PT) sob alegação de que o ex-juiz praticou caixa dois e abuso de poder econômico nas eleições 2022.

A tradição até a última eleição no TRE-PR indicava que apenas o Desembargador mais votado no TJPR se candidatasse à Presidência, mas isso está longe de ser garantido, com vários nomes em jogo nesse pleito vindouro.

Dentre os candidatos, Desembargador Sigurd Bengtsson surge como favorito, com chances de também assumir a Presidência da Corte.

No entanto, o Desembargador Dartagnan Serpa Sá, um dos postulantes, assume um papel de destaque ao ser o relator do caso Moro ao menos até 14 de dezembro.

A situação é dramática, de lado a lado.

Seu voto no julgamento de Moro pode definir seu detino e o futuro do ex-juiz.

Se o relator votar pela absolvição, o Moro não sairá daqui cassado do tribunal regional.

[Lembrando que entre 16 de dezembro a 31 de janeiro de 2024 o relator do caso Moro será o Desembargador Luciano Carrasco Falavinha.]

No entanto, a tarefa poderá sobrar para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob comando do ministro Alexandre de Moraes, que já defenestrou por unanimidade o ex-deputado Deltan Dallagnol – após absolvição pelo mesmo TRE-PR.

Além disso, estratégias políticas e jurídicas, como possíveis adiamentos de depoimento por motivos de viagem internacional, pedidos de vistas, e a transformação de sessões virtuais em presenciais, também influenciarão o andamento do caso.

Tudo isso acontece enquanto o PL se esforça para garantir a cassação de Moro, possivelmente buscando advogados locais, como Michel Saliba, para fortalecer sua defesa.

Juristas ouvidos pelo Blog do Esmael consideram que seria um “golaço” a virtual escolha de Saliba porque ele é um advogado respeitado em Brasília, conhece bem o Paraná e já foi preso pelo Moro.

O advogado atuou na cassação de Dallagnol no TSE, em maio passado.

Portanto, a corrida interna no TRE-PR pode ser a chave para entender o desfecho do julgamento de Sérgio Moro, onde um xadrez político e jurídico se desenha nos bastidores do Paraná.

Em meio disso tudo, há ainda que se observar o regimento interno do TRE-PR.

Caberá ao Presidente do TRE-PR Wellington Emanuel Coimbra de Moura decidir a data que o processo será pautado em plenário.

Com relação aos pedidos de vistas (deverão existir ao menos dois).

A regra no tribunal eleitoral não é de tempo em dias, mas de sessões presenciais da Corte (máximo de duas sessões por vista).

Por outro lado, em dezembro haverá 8 sessões, até agora aconteceram apenas 2 presenciais.

Ou seja, não basta o presidente pautar, ele precisa transformar as sessões virtuais em presenciais – se quiser efetivamente julgar a cassação de Sérgio Moro.

Portanto, a atribuição de convocar as sessões presenciais é do presidente do TRE-PR.

Sobre a disputa pelo TRE-PR

Na última terça-feira (10/10), a Desembargadora Joeci Machado Camargo, presidente em exercío do TJPR, assinou decreto abrindo as inscrições para a escolha de dois novos membros do TRE-PR nos lugares dos Desembargadores Wellington Emanuel Coimbra de Moura (Presidente) e Fernando Wolff Bodziak (Vice-Presidente).

Na bolsa de apostas, esses são os prováveis candidatos:
  • Des. Dartagnan Serpa Sá
  • Des. Sigurd Bengtsson
  • Des. Luís Osório Moraes Panza
  • Desª Ana Lúcia Lourenço
  • Des. Luiz Carlos Gabardo
  • Des. José Laurindo de Souza Neto
  • Des. Fabio Haick Dalla Vecchia

A eleição para saber qual dos eleitos será o Presidente e qual será o Corregedor (entre os dois eleitos) sai de uma votação interna e secreta do TRE-PR, entre os Juízes Membros da Corte, deve acontecer em dezembro, até o dia 19, com o mínimo de 30 dias antes da posse em 1º de fevereiro de 2024.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here


This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.